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Advogada infectada por Covid lembra isolamento: “Dia mais difícil foi não poder abraçar meu filho”

A advogada trabalhista Carolina Agra é militante há 20 anos.  Por causa da pandemia da Covid-19 ela estava fazendo audiências e sustentações orais on-line e poucos atendimentos presenciais, com hora marcada e obedecendo a  todas as medidas de segurança, como uso de máscara, álcool em gel, distanciamento. O que ela não esperava era contrair o vírus, mesmo tomando todos os cuidados. 

A notícia de que estava contaminada causou apreensão, mas em momento algum a fez perder a fé e a calma, que a ajudaram na recuperação. Carolina é mais uma na estatística das pessoas infectadas pelo novo coronavírus, cujo aumento de casos no Brasil volta a preocupar as autoridades de saúde, que temem uma nova onda da doença até então controlada em estados como Alagoas. Ela contou ao Eufemea como foram seus 15 dias no isolamento social, distante da família. 

“Dois dias antes de testar positivo estava prestes a voltar a fazer a minha primeira audiência presencial e seria em São Miguel dos Campos. Com o resultado, peticionei explicando o resultado eu solicitei o adiamento”, relembra Carolina. 

Ela conta  como acabou sendo contaminada pela doença. “Tive contato com duas pessoas que testaram positivo e ao sentir dores de cabeça insistentes resolvi fazer o exame. No fundo, ali eu já tinha quase certeza que estava contaminada porque meu corpo já não era o mesmo, senti moleza e estado febril. Me isolei no mesmo dia do marido e dos meus dois filhos, fiquei no quarto de um deles e eles ficaram com o pai em outro quarto. Evitei circular pelo apartamento, mas dentro do quarto resolvi que não ia me paralisar, ali seria meu novo lar pelos próximos dias. Muitos filmes, livros, pesquisas, trabalho on-line, dança, alimentação e até musculação leve para melhorar a circulação do sangue”, lembra Carolina. 

Força interior e calma

Ao descobrir que estava contaminada, Carolina revela que buscou na força interior e na calma a saída para se curar do vírus tão temido. “A primeira coisa que pensei foi em ter calma, que tomaria todas as medicações prescritas, que me alimentaria bem, que os sintomas iriam aos poucos desaparecendo e que a cura seria breve”. 

“Eu sempre fui muito ativa, pratiquei muitos esportes na adolescência e já faço musculação há 20 anos. Malho de segunda a sexta-feira, sou regrada na alimentação, vitaminas e suplementação. Acredito que tudo isso tenha contribuído na minha boa recuperação”. 

Mas não foi apenas nos exercícios e alimentação que ela se sustentou. Carolina buscou no espiritual a ajuda que precisava para vencer a guerra contra o coronavírus.  

“A fé move montanhas e de fato ficamos mais sensibilizadas nesses momentos. Fiz boas reflexões, fiz uma retrospectiva sobre minha vida, sobre vitórias, superações, saudades, gratidão, conversei muito com meu pai Dênis [ela é filha do jornalista Dênis Agra, morto por um câncer em 1992] que é meu eterno conselheiro e acredito que esse jeito de lidar com a doença só ajudou”.  

O dia mais difícil do período de isolamento, Carolina conta que foi o do aniversário de um dos filhos.   

“O dia que fiquei mais sensível foi quando meu filho fez 16 anos, no dia 26 de novembro, e não pude sequer lhe dar um beijo, um abraço, apenas nos falamos por telefone, mas sabia que logo, logo iria fazer tudo aquilo e comemorar da melhor forma com ele”, ela lembra.  

Na  casa, só ela contraiu o vírus. “Meu esposo e filhos testaram negativo. Fiz o IGg e já não transmito mais”, relata ao falar sobre a lição que fica para ela ao vencer a Covid-19.  “A lição é justamente reagirmos com positividade, esperança, confiança, de modo que possamos aprender as boas lições que geralmente as crises têm para nos ensinar”. 

E não só! Carolina diz que é preciso manter a calma para atravessar os dias de incertezas e aconselha a quem estiver passando pela situação agora:  “Calma, fé e sabedoria para não nos entregarmos para a doença. Levanta da cama, mesmo sem força, caminha um pouco, movimenta as pernas, faz uma massagem em você mesma, toma aquele banho gostoso, passa hidratante, perfume, assiste um bom filme, faz uma leitura, toma todos os remédios prescritos e acredite que a cura vai chegar. Foram dias de aprendizado, autoconhecimento e boas reflexões”, ela diz.  

Hoje, a advogada é só gratidão por ter superado a doença. “Gratidão a Deus, minha amada família, amigos por tanto carinho recebido no período, isso ajudou muito”. Mas ela alerta às pessoas para a gravidade do vírus e os cuidados que precisam ser mantidos.  

“Eu quero alertar que a doença não causou grandes estragos em mim, mas ela está aí, forte, misteriosa, rápida. Então, faça a sua parte, proteja quem você ama, se cuide, use máscara, lave as mãos, álcool em gel, distanciamento e pense sempre positivo!”.