A história dela se divide entre o trabalho no Corpo de Bombeiros Militar de Alagoas e a luta por igualdade de gênero, combate ao machismo e ao preconceito. A tenente-coronel Camila Paiva é o que se pode se chamar de a voz das mulheres para além dos quartéis. Vem dela a criação do movimento Somos Todas Maria, que denuncia assédio nas corporações militares, além de sua própria rede social e um canal no Youtube, que foi ao ar a pedido de mulheres que se viam representadas por ela.
Desde que foi ao ar, em 2018, o canal vem ganhando seguidores, e o que inicialmente era apenas um local para compartilhar conteúdo, se tornou espaço de debate e conscientização das mulheres. Em 2020, ganhou conteúdo novo.
Em “As faces da amada” (https://www.youtube.com/watch?v=SfTvoKULN54&feature=youtu.be), Camila Paiva fala de assuntos diversos, desmistifica tabus e convida as participantes à reflexão. Camila falou ao Eufemea sobre como surgiu a ideia do canal.
“Criei o canal em 2018, porque eu dava palestra e aí muitas vezes as pessoas pediam para pôr no Youtube. Mas eu não produzia conteúdo. Nesses dois anos eu tinha postado apenas três vídeos falando parte da minha história. E aí, diante da situação que eu vive, de machismo e que eu tenho acompanhado e lutado no combate ao assédio sexual, importunação sexual, o abuso, eu resolvi criar conteúdo para o meu canal, voltado para alguns temas que eu julgo importante”, conta Camila.
Os vídeos, segundo ela, tiveram ótima aceitação. “Eu fiz o lançamento de dois quadros, um deles chamado Papo com a Amada, no qual eu trago uma convidada ou convidado para falar sobre algum assunto que eu acho relevante. O primeiro foi sobre sexo e tabus, tanto para homens, quando para mulheres e aí eu trouxe a sexóloga Zoelma Lima (https://www.youtube.com/watch?v=wN_lCskZRcI&feature=youtu.be)”.
E o outro quadro, diz Camila, “chama a Amada Comenta, que a gente vai nas ruas, pede a opinião das pessoas sobre determinado tema, e comenta a cerca daquele tema, e foi sobre a diferença entre paquera, elogio e assédio sexual. Muitas vezes a gente vê que as pessoas não sabem diferenciar isso, principalmente os homens”.
Compartilhando conteúdo
Ela reforça que a proposta é compartilhar conteúdo de assuntos sobre os quais ela já milita, como o combate ao machismo, ao racismo, à homofobia.
Mas como levar conteúdo de maneira séria, com temas ainda considerados tabu por muitas pessoas? Camila reconhece que não é uma missão fácil por todas as barreiras impostas.
“Os temas são bem pesados. Tanto falar sobre sexo, que é um tabu grande, como também assédio sexual, que mexe com muitos gatilhos e muitas questões. Então, eu resolvi fazer esses quadros e abordar esses temas de uma forma mais leve, mais lúdica e educativa para trazer informação e conhecimento, mas que fosse de uma forma que não viesse a trazer tanto peso”.
Camila entende que “compartilhando, trazendo de uma maneira mais leve, facilita que as mulheres tenham acesso e discutam esse tipo de tema dentro dos seus vários ambientes, na sua casa, no ambiente de trabalho”.
Depressão e descoberta do feminismo
E lembra em que momento se percebeu feminista. “Foi quando me dei conta do peso que o machismo trouxe para a minha vida, quando me dei conta de que eu entrei numa depressão e quase morri. Por muitos momentos eu pedi isso a Deus para tirar minha vida e por muitos momentos não via sentido na minha vida, justamente por ter passado grande parte dela deixando de ser eu mesma, reprimindo a minha essência para me encaixar no padrão que a sociedade machista e patriarcal exigia de mim”.
A partir do momento que entendeu esse peso que carregava, Camila conta que tudo mudou.