O relacionamento entre a atriz Carla Diaz e o BBB Arthur levantou algumas polêmicas na internet. Muitas pessoas criticaram Carla, outras, a defenderam e pediram que ela saísse dessa situação. No meio disso tudo, a própria atriz disse que vivia um relacionamento tóxico com Arthur. Já nas redes sociais, os internautas disseram que a relação era abusiva. Mas afinal, existe uma diferença entre o relacionamento abusivo e tóxico? E como uma pessoa pode se livrar de uma relação assim?
O Eufemea conversou com a psicóloga clínica Joane Pacheco (CRP15/1542), especialista em terapia cognitiva comportamental. Ela falou sobre quais são os sinais e características de um relacionamento abusivo, e como podemos ajudar alguém que está nessa situação.
O que é um relacionamento abusivo?
Joane explicou que um relacionamento abusivo é um tipo de relação que apresenta abusos, sejam eles físico ou emocional e esses abusos levaram muitos prejuízos à vida da vítima.
“Nesse relacionamento existe manipulação e controle, por meio de coisas banais e mais até mais complexas, como por exemplo, controle de roupas, o que deve postar em suas mídias sociais, vigilância sobre quem curte e comenta as fotos”, explicou a psicóloga.
Ela acrescenta, que a vitimização e o ciúme excessivo também são algumas características.
Fases de um relacionamento abusivo
Segundo Joane, os pesquisadores explicam que o relacionamento abusivo se dá em três fases, elas são:
Fase 1 – Onde os xingamentos, gritos, humilhações e ofensas ficam mais evidentes. “Às vezes, a vítima se acostuma com esse tipo de comportamento e criam desculpas para justificar o agressor”.
A primeira fase já caracteriza uma violência psicológica, deixando a vítima muito desestabilizada e vulnerável, provocando a baixa autoestima.
Fase 2- É quando começam as agressões físicas, que deixam marcas visíveis, nessa etapa fica mais difícil de esconder. O relacionamento abusivo nessa fase, já chegou em um nível extremo.
Na fase 3: Quando a vítima começa a perceber e reconhecer o que está acontecendo, se dá conta realmente que está sofrendo abuso, e o abusador ver que não tem mais o controle sobre a vítima, ele começa a seduzir, pedir desculpas, dizer que perdeu a cabeça, a vítima fragilizada, muitas vezes carente, insegura, com baixa autoestima, termina perdoado e aí começa o ciclo vicioso e volta a fase 1.
Como ajudar uma amiga que está em um relacionamento abusivo?
A psicóloga explica que devemos orientar, questionar e informar a pessoa. Para que ela perceba que não está em um relacionamento saudável. Prestar atenção aos sinais.
“Muitas vezes a mulher não se dá conta porque o abusador é muito sedutor, ele tem uma forma de fazer com que a vítima se sinta culpada”, justificou.
Segundo a psicóloga, buscar ajuda e um apoio psicológico é essencial para que a vítima chegue a conclusão de que precisa dar um basta na relação, valorizando o amor próprio e autoestima.
“Existem os canais de apoio, como A Central de Atendimento à Mulher. Ligue 180. Nesse canal a mulher vai ser atendida e acolhida, esse serviço vai registrar e encaminhar toda e qualquer denúncia de violência contra a mulher aos órgãos competentes.”
Relacionamento abusivo ou tóxico?
A psicóloga Joane esclarece se existem diferenças entre um relacionamento abusivo e um tóxico.
De acordo com a especialista, relacionamento tóxico é voltado ao abuso psicológico, em qualquer tipo de relação de trabalho, conjugal, parental, amizade. É um relacionamento que impede o desenvolvimento da pessoa, adoece.
Já o relacionamento abusivo é tóxico, pois possui o abuso psicológico, mas ele também pode ter a violência física.
“No relacionamento tóxico a pessoa que faz mal ao outro geralmente não é bem resolvida e traz isso para suas relações, mas isso não é intencional”, explicou.
Já no relacionamento abusivo, o agressor sabe exatamente o que está fazendo, é tudo intencional.
Sequelas
Segundo a psicóloga, um relacionamento abusivo deixa muitas sequelas, principalmente emocionais, por isso que a vítima precisa de um acompanhamento.
“Com a ajuda do profissional a pessoa vai passar por um processo de autoconhecimento e ressignificar o que ela viveu no relacionamento e não se permitir mais ser colocada nesta posição em um relacionamento futuro, a medida que ela reconhece o que passou e aprende a se autovalorizar”, disse.
Como ajudar a pessoa que não reconhece que não está em um relacionamento saudável?
Joane conta que devemos levar informações, alertar para o que está acontecendo para que o indivíduo fique mais atento e se fortaleça.
“Na psicoterapia a mulher vai saber o que a está permitindo a estar nesse lugar, de ser a vítima e se fortalecer para então, identificar, reconhecer e superar o problema”, finalizou.