Colabore com o Eufemea

Capacitismo: pessoas com deficiência explicam o que é e como evitar expressões

Você sabe o que é capacitismo? É bem provável que muitos leitores não saibam. Capacitismo é o preconceito que tem como base a “capacidade” de outros seres humanos, principalmente quando se pensa na parcela da população que possui algum tipo de deficiência. Como o capacitismo está enraizado na sociedade, o Eufemea conversou com duas mulheres e PCD (Pessoa com Deficiência) que explicaram mais sobre o assunto e explicaram quais são as expressão capacitistas que devem ser evitadas.

Assim como outros preconceitos, o capacitismo está enraizado e normalizado na nossa sociedade. Por causa disso, algumas expressões são faladas, mas não nos damos conta da problemática por trás delas. Na prática, o capacitismo não envolve apenas termos ofensivos, olhares de julgamento ou invasões de privacidade. Ele está ligado à uma ausência de pessoas com deficiência em diversos espaços da sociedade.

Dados do censo do IBGE de 2010 apontam que cerca de 24% da população – 46 milhões de brasileiros – têm algum tipo de deficiência. Outra pesquisa aponta que existem 13 milhões de pessoas com deficiência (pouco mais de 6% da população brasileira) no Brasil. No mercado de trabalho, porém, existem apenas 440 mil profissionais com deficiência trabalhando formalmente.

Expressões capacitistas

Algumas das expressões capacitistas: “Você é retardado?”; “Você tem deficiência mental?”; “Está surdo?”, “Está cego?”; “Para de fingir demência!”; “Que mancada!”; “Eu não tenho perna para fazer isso”; “Nossa equipe não tem braço para isso”; “Hoje eu tô muito autista”; “Seu mongol”; “Muita linda para ser deficiente”.

Segundo Vanessa de Oliveira, 32 anos e PCD, uma forma de desconstruir o capacitismo é estudando sobre ele. “Seguir pessoas com deficiência nas mídias sociais e se observar para não ficar falando frases preconceituosas. É um exercício diário”, disse.

E o que fazer quando escutar alguém falando alguma expressão capacitista?

Para as entrevistadas, Vanessa de Oliveira e a bailariana Bibi Amorim, é preciso que se converse e explique o que é o capacitismo.

“Eu costumo alertar a pessoa com calma, porque muita gente não tem noção do que é o capacitismo, e eu não acho justo a gente ensinar com ignorância”, explicou Bibi Amorim.

Bibi Amorim, bailarina
Como devemos nos policiar para não utilizarmos de falas capacitistas?

Para Vanessa, uma vez que a pessoa tem acesso ao assunto e segue pessoas nas redes sociais, isso se torna algo tão natural que fica fácil não reproduzir o preconceito.

“E se porventura a pessoa perceber que falou, ela se corrige até que aquilo seja natural pra ela. É um exercício diário de se observar e até educar as pessoas próximas a nós e isso com certeza vai ser passado adiante”, explicou.

Bibi Amorim concorda com Vanessa e disse que é preciso que se leia por qual motivo não devemos usar tais expressões. “Lembrando que a deficiência do outro não pode ser usada como chacota ou xingamento.” 

Usar o nome de um diagnóstico ou uma característica física de forma pejorativa reforça a imagem de pessoas com deficiência como incapazes, imperfeitas e sem valor para a sociedade. O que não é verdade.