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Com raízes em Anadia, artista conta como criou ateliê inspirado no sertão de Alagoas

O universo sertanejo foi a peça chave para que a artista visual Julia Maria Nogueira desse início ao seu ateliê chamado Sertão Encantado. Falar sobre as peças produzidas por Julia Maria é lembrar das cores que se misturam e chamam atenção pela beleza. O Eufemea conversou com a artista que tem raízes no município de Anadia, em Alagoas e que é inspirada pelo cangaço.

Julia se considera como uma artista visual multiversa, performática, experimentalista e contemporânea. Ela é formada em design gráfico, com pós-graduação em direção de arte pela Belas Artes de São Paulo. Mas foi na moda que ela se encontrou.

Segundo Julia, o trabalho manual que a mãe realizava teve influência na vida dela. “Ao longo do tempo fui amadurecendo essa ideia de trilhar o meu caminho dentro da minha cultura”. E quando se fala em cultura nordestina, logo se recorda do artesanato regional.

O Ser’tão Encantado nasceu em uma viagem que Julia fez para a Ilha do Ferro, dentro de uma vivência no Sertão alagoano. Foi a partir desse momento que nasceu o anseio em levar a cultura do Ser’tão para o mundo. O hobby de customizar sandálias com a cara do sertão nordestino transformou-se em empresa.

Foto: Cortesia ao Eufemea

Julia tem seu ateliê e trabalha na confecção de sandálias xô boi. Com Julia, essas sandálias ganharam uma nova forma, já que a artista usa tons fortes no couro. Suas peças chegam a todas as partes do Brasil.

Só que Julia não parou por aí. Ela também trabalha como muralista. Em vários bairros da cidade de Maceió e em outros estados, como São Paulo, há ‘portais Ser’tão’ espalhados.

“O que dá início é a minha espiritualidade e conexão com o divino. O que me inspira é a minha vivência, relação com o mundo, percepção da vida, a natureza e muito do universo do Ser’tão e cangaço”, contou.

Os seus portais nascem intuitivamente, e na confecção de suas sandálias, ela busca passar através das cores a beleza que ela vê e que existe na cultura do sertão.

Assim como muitos outros artistas, a Julia já foi vítima de plágio, que é a apresentação feita por alguém, como sua própria autoria, de trabalho, obra intelectual e ou artística produzido por outrem. Mas ela não enxerga isso de forma negativa, pelo contrário, ela enxerga como resposta de que seu trabalho tem tido grande alcance e aceitação do público, pois a releitura que ela faz é desejo para muitos.

Para ela, “isso significa reconhecimento, mesmo que seja dessa forma”.

Marca 100% alagoana

Quando questionada sobre a importância de ter uma marca 100% alagoana, Julia diz que é de total relevância, pois o sentido de sua marca é enaltecer os artesãos e a cultura de seu estado. É nisso que ela se dá a consciência e o sentido ao seu trabalho.

O que mais a incentiva a continuar o seu trabalho é o sentimento de levar o nome e a cultura do Ser’tão alagoano para outras realidades e ao mundo.

“Tem sido tudo muito novo para mim, pois as coisas aconteceram espontaneamente com o meu trabalho, nunca imaginei trabalhar com arte, realmente. Então, simplesmente tento seguir de forma fluída esse movimento”, reforça.

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