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Eu, fêmea: “Era dependente de uma pessoa que me traía de todas as formas”

Texto de Bruna Lira*

 Foto: iStock, Getty Images

Estava vivendo um relacionamento que considerava bom. Só depois de muito tempo entendi que o bom só existia na minha cabeça porque eu era traída de todas as formas possíveis.

Descobri a primeira traição do meu ex-companheiro quando peguei o telefone dele e vi conversas arquivadas. Ele mantinha contato com uma menina fazia meses, e não preciso nem relatar o quanto a conversa deles era nojenta. 

Conversamos, ele chorou e se arrependeu. Voltamos ao relacionamento, mas a minha confiança não existia mais. Era doloroso imaginar que ele poderia fazer aquilo de novo. Precisei fazer terapia, e aos poucos fomos ‘normalizando’ a nossa relação.

Meses depois, outra traição. Ele disse que iria viajar a trabalho, mas na verdade estava com outra mulher em um resort passando o final de semana. Enquanto eu estava em casa, sentindo saudade dele. Mais uma vez ele chorou, disse que se arrependeu e eu confiei.

Passei anos assim. Perdoando, entrando em conflito comigo porque ao mesmo tempo que eu queria me livrar da relação queria permanecer. Se tem uma coisa que aprendi na terapia é que quando estamos vivendo uma relação assim, não enxergamos o óbvio: a dependência.

Existia uma dependência emocional enorme dele. Eu era dependente emocional de uma pessoa que me traía de todas as formas. Ele não me respeitava, não pensava em mim um minuto sequer e dizia estar arrependido porque era mais fácil para ele. Na terapia entendi que ele também era dependente de mim e que nos alimentávamos dessa dependência doentia.

Acabei me afastando de amigas por vergonha, deixei os meus familiares com raiva e o mais absurdo: esqueci que eu merecia alguém melhor. Não alguém perfeito, mas alguém melhor. Alguém que soubesse me respeitar de verdade. Hoje estou livre e garanto: não há nada melhor que isso.