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De filha de agricultores a professora de francês: Piauí dá posse a sua primeira governadora

Foto: Governo do Piauí

Tomou posse hoje, no Palácio de Karnak, em Teresina, a nova governadora do Piauí, Regina Sousa (PT). Militante negra, formada em letras e filha de agricultores, ela se tornou a primeira mulher a assumir o governo daquele estado.

Aos 71 anos de idade, ela passa a ser uma das duas mulheres a governar um estado (a outra é Fátima Bezerra, do Rio Grande do Norte).

Ex-professora de francês, Regina recebeu a faixa de Wellington Dias (PT), que transmitiu o cargo após renunciar para disputar uma vaga nas eleições de 2022.

Regina Sousa compareceu à solenidade de transmissão do cargo acompanhada dos netos e discursou sobre o mandato que se inicia hoje, e terá como foco ações e projetos para a população que mais necessita.

A governadora prometeu como meta trazer para a centralidade da pauta do governo a temática dos direitos humanos e meio ambiente.

“Chego aqui pela lutas que encarei contra a Ditadura, pela reforma agrária, por eleições diretas, por trabalho, empego e renda, combate ao racismo, a homofobia e a violência contra as mulheres, por segurança alimentar e tantas outras que nos instigam. Serei a Regina de sempre, meio sisuda e sincerona”, disse.

Antes da posse, a nova governadora cobrou mais participação das mulheres na política. “São 27 estados e somente uma mulher foi eleita para governadora, ainda é muito pouco. No parlamento, 12% é muito pouco ainda. Agora, se pensarmos que há pouco tempo não tínhamos nada, já foi conquista. Mas, precisa de muito mais”, afirma.

Foto: Governo do Piauí

“No espaço do parlamento a solução é fazer a quota das mulheres. Os países mais avançados na participação da mulher no poder foi por meio de quotas. A Espanha é o melhor exemplo, lá, até na ocupação dos ministérios, tem paridade, 14 ministros, sete mulheres e sete homens. E ocupam qualquer ministério, não somente de assistência social. Na Argentina, as mulheres ocupam 40%, por quota”, completa.

Outro tema que ela pretende focar é a violência doméstica contra as mulheres. “É muito da concepção, de construção social na cabeça dos homens ter a posse, serem donos da mulher, eles têm isso na cabeça e acabam acontecendo essas tragédias que a gente vê todo dia. Então, temos que construir juntos a saída. Particularmente, vejo a saída pela educação”, pontua.

História

Nascida na cidade de União em uma família de 14 irmãos, Maria Regina Sousa já havia sido a primeira mulher a assumir o Senado pelo Piauí. Em 2018, foi eleita vice-governadora do Estado do Piauí ao lado de Wellington Dias.

Filha do trabalhador rural Raimundo Sousa Miranda, já falecido, e da dona de casa Maria da Conceição Silva Miranda, aos 10 anos já sabia plantar e colher feijão, milho e fava. Foi também quebradeira de coco.

Em 1976 se formou em letras pela Universidade Federal do Piauí (UFPI) e depois foi professora de português e francês, até ingressar na carreira sindical e política nos anos de 1980. No estado, foi uma das fundadoras da CUT (Central Única dos Trabalhadores) e do PT no Piauí.