Texto: Maria Luiza
Uma pesquisa divulgada pelo Ministério da Saúde no mês de abril apontou que cerca de 11,3% dos brasileiros relatam sintomas de depressão. Dentro dessa estatística, as mulheres representam o dobro de casos com relação aos homens.
Ao Eufemea, a psicóloga Raquel Pedrosa, fala sobre esse crescimento, a importância de buscar ajuda e como quebrar o tabu para ampliar o diálogo sobre o tema.
De acordo com a profissional, as mulheres passam por maior variação hormonal que os homens, como gravidez, menstruação, menopausa, afetando diretamente na produção de neurotransmissores que causam sintomas de depressão.
Junto a isso, em relação a questões psicossociais, ela afirma que, historicamente, as mulheres estão mais sujeitas a situações de vulnerabilidade, como violência de maneira geral, alta carga de trabalho, múltiplos papéis e baixos salários, entre outras questões.
Para Raquel, um possível aumento de casos de depressão nos próximos anos já é uma realidade. “Segundo pesquisa recente no Ministério da Saúde, em 2021, o número de brasileiros com depressão já é maior que o número de diabéticos e isso é extremamente alarmante”.
Segundo a especialista, estima-se que, até 2030, a depressão irá afetar mais pessoas do que qualquer outro problema de saúde.
Questionada sobre a importância de pedir ajuda, ela afirma que “sem ela não conseguimos sair”.
Com relação aos casos nos quais o paciente apresenta sintomas mais moderados e graves, a psicanalista explica que a associação com a medicação permite que o paciente se estabilize e tenha mais condições de vivenciar a psicoterapia.
A especialista aponta que, antes de qualquer coisa, é preciso desmistificar a depressão. “O estigma que rodeia a doença é o principal obstáculo, portanto, é importante naturalizá-la”.
Raquel destaca que reconhecer a condição é o primeiro passo e precisa partir do paciente, de seus familiares e amigos.
“Se você conhece alguém com depressão é necessário empatia e espaço para acolher as dores do outro. Além disso, o encorajamento para a busca de ajuda é fundamental. Talvez só esteja faltando o apoio e a segurança de uma pessoa próxima para que aquele que sofre dê seu primeiro passo rumo a estabilidade emocional”, conclui.