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Aluna denuncia ter sofrido transfobia ao ser tratada por pronome errado na Ufal: “Quero tratamento com dignidade”

Uma estudante transexual de letras da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), identificada como Nefertiti Souza, publicou um vídeo, nessa quarta-feira (1º) em seu perfil no Instagram denunciando ter sofrido transfobia no restaurante universitário do campus A.C. Simões, em Maceió. Após a repercussão, o funcionário foi afastado da instituição. 

De acordo com o relato da aluna, ela foi tratada diversas vezes pelo pronome masculino por um funcionário do restaurante, mesmo depois de alertá-lo sobre a situação. “Quando eu o corrigi, ele o fez mais três vezes, com certeza em forma de deboche”. 

“A gente acabou tendo uma discussão por causa disso. Minha companheira, que estava comigo, foi perguntar o nome dele, falando que a gente ia tomar uma medida, que a gente ia entrar em contato com a pró-reitoria estudantil e ele respondeu: ‘Eu não preciso trabalhar aqui, sou concursado no interior’”, explica.

Ela afirma que esta não foi a primeira vez que isso ocorreu, porém dessa vez ele foi “extremamente ríspido e violento”. Diante da situação, Nefertiti decidiu abrir um boletim de ocorrência contra o funcionário.

A estudante conta ainda que já havia informado com a Pró-reitoria Estudantil (Proest) sobre os frequentes erros nos pronomes, também enfrentado por outras alunas. Mas, apenas depois que foi a público falar sobre o caso é que a instituição se pronunciou.

Segundo Nefertiti, o objetivo da publicação é alertar a Ufal sobre o despreparo dos funcionários e incentivar que eles sejam orientados. “Não estou pedindo para ele ser demitido, a cobrança que fiz na universidade é que eu quero um tratamento com dignidade”.

Ufal afasta funcionário

A Universidade Federal de Alagoas (UFAL) emitiu uma nota, na quinta-feira (02), afirmando que notificou a gerência do Restaurante Universitário após receber uma denúncia de um caso de homofobia envolvendo um funcionário de uma empresa terceirizada e uma estudante moradora da Residência Universitária Alagoana. A gerência do restaurante solicitou à empresa contratada o afastamento do funcionário.

“Informamos que repudiamos qualquer espécie de ataque homofóbico, seja ele ocorrido dentro ou fora do espaço universitário. Em pleno 2022, não pode mais haver espaço para esse tipo de desrespeito”, disse a Ufal em nota.

A Universidade ressaltou que abriu um processo administrativo para registro de denúncia e acrescentou que em consequência disso, a gerência do RU solicitou à empresa contratada, o imediato afastamento do funcionário de suas funções no restaurante.

Além disso, a instituição declarou que será realizada uma reunião com todos os colaboradores do restaurante, a fim de reforçar a necessidade e importância do pleno respeito às diferenças no atendimento ao público.