Parte da família reunida. Foto: Arquivo Pessoal
A vida de Lídia Liz Mororó Souza, de 44 anos, virou de cabeça para baixo nos últimos tempos. Após 38 anos, ela descobriu que foi adotada ainda bebê e que sua família era bem maior do que imaginava. Ela ganhou 23 irmãos e revela que muitos deles ainda não conheceu.
Lídia, que mora atualmente no Rio de Janeiro, tem três filhos: Matheus, 27 anos, Ana Liz, 15, e a pequena Lara, de 9 anos. A mãe nasceu em Ipu, no Ceará. Em entrevista, ela relata que seus pais biológicos trabalhavam em fazendas e tinham muitos filhos. Quando sua mãe engravidou novamente e descobriu que seria uma menina, seu pai biológico decidiu dar a bebê para um casal que já tinha tido três meninos e queria muito ter uma garotinha.
Na época, a mãe biológica de Lídia não sabia do acordo do marido. Mas, após dar à luz, eles entregam a filha à nova família. “Meu padrinho levou minha mãe para a maternidade e ela já saiu comigo nos braços”, relata a cearense. Durante muito tempo, Lídia viu seu pai biológico indo entregar frutas na casa de seus padrinhos, sem saber quem ele era realmente. Aos 12 anos, a cearense se mudou para o Rio de Janeiro com a sua mãe, já que seus irmãos já tinham saído do Ceará. Com o tempo, seu pai faleceu e a família continuou no Rio.
Coincidências
A vida de Lídia começou a mudar a partir de uma incrível coincidência em sua família. Seu primo [por parte da família adotiva] se casou com uma mulher do Ceará, chamada Marluce. Isso seria uma situação até comum se esta jovem não fosse na verdade sobrinha de Lídia por parte de sua família biológica.
“Um dia, a Marluce veio me visitar aqui no Rio para passar férias com o meu primo e me olhou e falou assim: ‘você tem a cara da minha tia'”, lembra a cearense. Na ocasião, Lídia não se importou muito com o comentário e achou que só seria uma coincidência.
As revelações começaram a surgir em 2013. Iran, irmão biológico de Lídia, foi resolver alguns problemas relacionados às terras da família no Ceará e acabou visitando a madrinha de Lídia, Domitilha, que sabia de toda a história da adoção. No momento, ele estava com Marluce, que tinha se casado com o primo de Lídia.
Durante a conversa, Iran quis saber mais sobre a irmã que não conhecia e a madrinha contou um pouco sobre o que sabia sobre a nova família de sua irmã. No entanto, diante das informações, Marluce acabou encaixando as peças do quebra-cabeça e disse: “Tio, eu já sei quem é a sua irmã”.
Quando chegou à sua casa, Marluce mostrou ao tio a foto de Lídia no Facebook e acabou com o mistério. Imediatamente, ela também ligou para agora sua tia e contou toda a história. “Eu não entendi nada! Passei mal”, lembra a cearense. “Liguei para o meu irmão e ele começou a chorar, contou que tinha feito uma promessa que só contaria essa história quando minha mãe morresse”, disse Lídia.
Após a descoberta, Iran veio para o Rio de Janeiro para conhecer a irmã. “Quando o vi, sabia que era meu irmão, porque nós somos muito parecidos, a gente se abraçou e chorou muito”, conta Lídia. Depois, a cearense conheceu a sua mãe biológica e foi um momento muito especial: “Foi muita emoção”, declarou ela.
Em 2016, a família de Lídia fez uma viagem para o Ceará para conhecer o resto dos parentes “Passamos um mês no Ceará e foi muito bom! Depois de tanto tempo longe, agora, a família não se desgruda e está sempre junto, principalmente nos aniversários. “Nós sempre nos falamos, temos um grupo de família e somos bem unidos!”, finaliza.
*com Revista Crescer