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Minha história: “Ela apareceu quando já tinha entendido que o romance era uma roupa que não me cabia”

O texto abaixo foi escrito pela Vanessa Oliveira (@vanessagrao) para a nossa editoria Eu, fêmea, que publica textos em primeira pessoa. O texto foi feito especialmente para a data de hoje: dia 12 de junho. Coloque a música relicário (Nando Reis) e prepare o lenço.

Tháfiny e eu nos conhecemos em 2008 em um grupo no MSN (sentiu a dor dasaudade?) criado por nossa amiga Dayanne Amaral; o intuito era que a Tháfiny comprasse meus CDs originais da banda RBD (Mia Collucci, presente). No início, nosso contato era somente pela internet porque morávamos em cidades diferentes – eu em Maceió e ela em Penedo – até que no réveillon de 2009, ela veio me conhecer.

Até aqui era só amizade… pelo menos para a Tháfiny, porque da minha parte já tinha não só uma chama crescendo dentro de mim, mas uma fogueira completa: um sentimento junino e colorido. Somente em 2012, quando ela se mudou para Maceió por conta da faculdade, começamos a sair com frequência e os sentimentos ficaram mais intensos.

Por várias ocasiões pensei em fazer a famigerada declaração, mas o coração dela estava em outro lugar e a mim só restava o agridoce da friendzone. Porém, canceriana que sou, só segurei minha língua por pouco mais de um ano. Em 2013 falei que estava apaixonada e a gata foi pega de surpresa.

Primeiro deixou claro que queria manter a amizade e que não poderia corresponder aos meus sentimentos, em seguida chegou na minha casa com um CD da Demi Lovato e, quando não tinha ninguém olhando, me
pediu um beijo na boca; a famosa hétera de Taubaté, né mores.

O início de tudo. Foto: Cortesia

De 2013 pra cá, nosso amor se desenvolveu de uma forma que eu nunca imaginei. Em 2017, começamos a morar juntas – com a Letícia e o Gustavo, irmã e primo dela, dois gatos e quatro porquinhas da índia, uma família bem tradicionalzinha – e em 2019 nos casamos em uma celebração cheia de amor realizada por nossos amigos Lanuza Carnaúba e Walter Muniz.

Nossa história é como muitas outras histórias de muitos
outros casais por aí, com as dificuldades compartilhadas, as felicidades também, mas com corpos completamente fora da padronização que usualmente não figuram na tela grande e na pequena.

A Tháfiny apareceu quando eu já tinha entendido que o romance era uma roupa que não me cabia. Ela veio com o guarda-roupa repleto de cores. Passamos juntas pela doença e pelas vitórias, pelos perrengues e pelos dias de praia e água de coco. Ela trouxe calma e organização para a minha vida e eu retribuí com festa e constante euforia com as coisas.

Foto: Cortesia ao Eufemea

Entramos na cerimônia do nosso casamento ao som de Relicário, do
Nando Reis, e é isso que nossa vida tem se tornado, um relicário imenso desse amor.
Hoje dividimos apartamento com o Walter, os gatos aumentaram de dois para três e as porcas diminuíram para uma (a vida acontece nos fins também).

Em um nicho na parede do nosso quarto estão os CDs de RBD que ela não comprou, lá no começo da nossa história, junto com o CD da Demi Lovato.

A vida vai se construindo nas pequenas coisas que acontecem sem ninguém notar e que se acumulam, se juntam com outras pequenas coisas e se transformam em memórias e histórias.

A menina que eu conheci no MSN e que não comprou os meus CDs, acabou se tornando coproprietária deles no fim das contas. E eu agradeço todos os dias por não ter ficado só na primeira conversa porque, como falou uma das minhas personagens favoritas, Rebecca Pearson, “quando o mundo coloca algo tão óbvio na sua frente, você não se afasta disso simplesmente.” Missão cumprida.