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Dançarinas de pole dance são expulsas em praia do CE: “Preconceito”

Foto: Arquivo Pessoal

Praticantes de pole dance contam que enfrentaram momentos de preconceito e constrangimento após terem sido obrigados a encerrar uma apresentação previamente combinada com o dono de uma barraca na praia de Sabiaguaba, em Fortaleza (CE). A tentativa de apresentação, na manhã de domingo (28), durou apenas alguns minutos, sendo rechaçada por alguns frequentadores da barraca, que alegaram que o local seria “familiar” e incompatível com a prática da atividade.

Lorena Medeiros Maia, 33, possui formação em teatro e dança. Ela explica que o pole dance hoje é dividido em duas categorias: a esportiva, com direito a pontuação por movimentos e posições e julgamento realizado por profissionais em competições; e a coreográfica, na qual é professora, na academia Fly Power Pole Sport.

Periodicamente, os alunos e alunos da escola são convidados a realizar atividades e apresentações externas, com o objetivo de divulgar a prática para um maior número de pessoas e também testar as habilidades aprendidas nas aulas técnicas.

“Nós entramos em contato com o dono da barraca, explicamos nossa proposta, mostramos o que iríamos apresentar no domingo. Estava tudo certo. Nós nos preparamos, avisamos os alunos, obtivemos um equipamento itinerante e fomos à praia”, contou a professora.

Foto: Arquivo Pessoal

Lorena afirma que ela mesma iniciou a apresentação, que contou com a participação do marido e dos filhos pequenos, um de 8 e o outro de 1 ano e 4 meses. Depois, quando começaram as apresentações de algumas alunas, começou o burburinho.

“Algumas mulheres começaram a reclamar que seus maridos não tiravam os olhos das meninas no pole dance. Eu e as professoras Georgia e Mardja, que dão aula de pole esportivo, começamos a conversar com público, indo de mesa em mesa, explicando detalhes sobre aquela atividade física”.

Apesar do esforço das instrutoras, de nada adiantou a tentativa de diálogo. Uma das garçonetes chegou a perguntar para Lorena, transmitindo o recado de uma frequentadora, se as mulheres não poderiam colocar shorts e camiseta, para cobrir mais o corpo.

Por volta do meio-dia, o proprietário da praia ligou ao gerente pedindo para que a academia encerrasse as atividades e que os alunos fossem embora. “Um amigo dele teria ligado e reclamado da “pouca-vergonha”, nos comparando a dançarinas de striptease. Fiquei indignada. Estávamos com nossos maridos, nossos filhos. Mas já não havia muito o que fazer”.

O grupo resolveu recolher as coisas e partir em direção à praia do Futuro, para continuar a apresentação na barraca Cabumba, conhecida por ser frequentada pelo público LGBTQIA+, onde os praticantes de pole dance foram “muito bem recebidos”.

Indignação nas redes sociais

Nas redes sociais da academia e também nos perfis pessoais de alunos, a indignação do que ocorreu no domingo foi compartilhada e a ação da equipe da barraca, repreendida. O Estúdio Fly Power manifestou sua indignação, tristeza e “repúdio ao preconceito sofrido”.

“A barraca em questão demonstrou total despreparo quando, ciente de que não estávamos infringindo nenhuma lei, decidiu apoiar o comportamento preconceituoso de outros clientes, nos constrangendo ao ponto de termos sido convidadas a nos retirar do local (porque o dono pediu que encerrássemos o evento)”, diz a academia em trecho da nota publicada no Instagram.

*com UOL/Universa