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Vítimas acolhidas pela Casa da Mulher celebram a conquista da casa própria: “recomeço”

Chaves na mão, sorriso no rosto e os olhos brilhando de felicidade. Íris Raphaella (43) e Flávia Dias (37), vítimas de violência doméstica que foram acolhidas pela Casa da Mulher Alagoana há pouco mais de um ano, não conseguem conter a emoção com a conquista da casa própria, na terça-feira (13).
Íris e Flávia fazem parte de um grupo de mulheres atendidas pela instituição para participar da primeira turma do programa Emprega Mulher, por meio do qual concluíram o curso de assistente administrativo. Durante a formação, elas tomaram conhecimento da possibilidade de se inscrever no programa Casa Verde e Amarela.
Íris, que sempre sonhou com a casa própria, foi contemplada. Além disso, a conquista representa mais do que o bem material. “Recomeço. A pessoa poder recomeçar uma vida, poder sonhar, ter a tranquilidade de dormir, de que não vai receber olhares e cara feia. A tranquilidade não tem preço”, afirmou.
Para Flávia, a nova residência é um ponto de partida para se ver totalmente livre do agressor e se sentir protegida. “Quando eu chego perto da minha casa o meu coração dispara, meu olho enche de lágrima, é uma alegria. Representa um futuro diferente tanto para mim como para os meus filhos”, declarou Flávia.

Flávia Dias e Íris Raphaella exibem chaves de suas casas. Foto: Caio Loureiro.
As duas mulheres compartilham histórias de repressão causadas pelos antigos companheiros, mas conseguiram quebrar o ciclo de violência. Íris contou que mantinha uma vida de aparência, mas na realidade não possuía liberdade. Quando as agressões físicas e morais começaram, Íris desenvolveu crise de ansiedade e depressão.
“Não conseguia dormir à noite. Eu até saía com ele, me divertia, mas era aquele divertimento: sabia que mais tarde iria ser agredida. E, um dia, quando eu estava sozinha em casa, aproveitei a oportunidade para fugir e pedir a ajuda de uma amiga”, relatou Íris.
Sem conseguir dar mais detalhes devido ao trauma, Flávia descreveu que estava dormindo e acordou já sendo agredida pelo ex-companheiro.  “Foi muito difícil, porque no começo tudo é flor. Essas coisas mexem muito com a minha cabeça”, desabafou.
Para fugir dos algozes, ambas se dirigiram para a Casa da Mulher, onde receberam apoio para denunciar seus agressores. O suporte da equipe foi além do emocional, com orientação para que fizessem o cadastro único com o objetivo de participar dos programas de assistência social, como o recebimento do Auxílio Brasil (antigo Bolsa Família).
“Eu não recebia nada e não trabalhava. Era totalmente dependente da pessoa que eu morava. Quero conquistar minhas coisas e pretendo fazer uma faculdade. Tenho que sonhar. Tenho que correr atrás”, contou Íris.
“Foi a Casa da Mulher que me acolheu. Eu não tinha lugar para ir, então eu precisava estar passando pelo o que eu passava com ele. Não vou mais precisar sofrer o que sofria”, Flávia adicionou.
A não revitimização da mulher é um dos objetivos da Casa da Mulher Alagoana, dando oportunidade para que as vítimas alcancem o empoderamento e quebrem o ciclo de violência doméstica. A unidade de acolhimento está localizada na Rua do Imperador, próxima a Praça Sinimbu, no Centro de Maceió.
*Com Dicom TJAL