Colabore com o Eufemea

Mulher trans nordestina relata diagnóstico de HIV: “resultado positivo não é o fim”

A data de 1° de dezembro marca o Dia Mundial de Luta contra a Aids e uma das vozes que tem somado esforços hoje no país na conscientização sobre essa infecção sexualmente transmissível é a da cearense Sabrina Luz, 40 anos.

Ela é mulher trans, vive com HIV há quase 13 anos, já sentiu o preconceito na pele e usa seu perfil no Instagram para difundir informações sobre o assunto, além de combater estigmas sobre as pessoas que vivem com o vírus. “Já se passaram mais de 40 anos da descoberta do HIV e ainda há muito desconhecimento. As pessoas precisam saber que o vírus não se transmite de qualquer forma, que quem vive com ele é normal como qualquer outra pessoa e que viver com HIV não é o fim”, defende Sabrina. Ao Universa, a ativista conta um pouco da sua história. Confira o relato:

Eu estava doente há uns seis meses e não conseguia descobrir o que era. Quando o médico pediu para fazer o exame e deu positivo, fiquei triste porque a gente acha que nunca pode acontecer com a gente. Na hora do diagnóstico, eu não chorei, não disse nada para a psicóloga, ficou dentro de mim aquele entalo. Eu disse para mim mesma ‘não vou chorar, não vou desmontar’, mas na hora a cabeça da gente fica girando, parece que você levou uma paulada, surgem um monte de por quês.

Quando eu botei meus pés fora do hospital, eu tinha a sensação de que todo mundo que me olhava dizia que eu estava com Aids. É muito louca essa sensação. Eu não sabia nada e, graças a Deus, a psicóloga me ajudou muito no início. Minha carga viral estava boa, mas comecei logo o tratamento com as medicações. Como passei a ter muitas reações, no entanto, 15 dias depois, fui ao médico e ele suspendeu. Quando voltei com a medicação, já era outro tipo de antirretroviral e nunca mais senti nada, nem uma reação sequer: enjoo, náusea, nada.

Na época, acabei descobrindo também que estava com tuberculose e câncer de pele, mas fazendo os respectivos tratamentos fiquei curada de ambas as doenças e segui com as minhas medicações antirretrovirais. Hoje, estou muito bem. Em janeiro de 2023, vou fazer 13 anos vivendo com HIV e há 10 estou indetectável [quando o vírus não circula mais pelo organismo e a pessoa não transmite mais a doença.

*Com Universa