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Pesquisa investiga potencial do extrato do quiabo no tratamento contra o câncer: “boa eficácia”

Um estudo realizado na Universidade Federal de Alagoas (Ufal) recebeu menção honrosa na seção Cancer Pharmacology, durante o 54º Congresso da Sociedade Brasileira de Farmacologia e Terapêutica Experimental. O trabalho premiado tem como título “Extrato aquoso obtido de Abelmoschus esculentus (L.) Moench possui efeito antitumoral no modelo murino de tumor de Ehrlich ascítico”.

Quem recebeu a premiação foi a estudante de Ciências Biológicas, Everlaine Leite Estevam dos Santos. Além dela, assinam o artigo Tayhana Priscila Medeiros Souza, Julianderson de Oliveira dos Santos Carmo, James Henrique Almeida, José Yago Rodrigues Silva, Severino Alves Júnior e Jamylle Nunes de Souza Ferro. 

Everlaine é discente de iniciação científica e desenvolve atividades no Laboratório de Biologia Celular (LBC) sob orientação da docente do Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde (ICBS) da Ufal, Jamylle Ferro. “Esse projeto foi possibilitado devido à padronização de um protocolo de ensaios não clínicos que permite avaliar o efeito de substâncias obtidas de produtos naturais, ou isoladas destes produtos e também nanotecnológicos, em reduzir o crescimento de um tumor em estudos in vivo”, explica a pesquisadora Jamylle. E continua: “Neste projeto em específico, buscamos ampliar os estudos sobre o efeito antitumoral da espécie Albemoluschus esculentus, conhecida como quiabo. Então, estudamos como o extrato obtido a partir da chamada ‘baba’ do quiabo exerce seus efeitos antitumorais”.

A docente conta que já há dados disponíveis na literatura mostrando que extratos obtidos a partir do quiabo possuem efeitos anti-inflamatórios, antioxidantes e antiproliferativos. “Nosso trabalho contribui avançando nas informações sobre o efeito antitumoral desta espécie em um modelo experimental murino. Mais ensaios precisam ser realizados e estamos estruturando o artigo, destacando o efeito do extrato em reduzir o crescimento do tumor, aumentar a taxa de sobrevivência, e alguns alvos envolvidos em mostrar como o extrato faz seu efeito”, informa. 

Com elevadas taxas de incidência e de mortalidade em todo o mundo, são grandes as expectativas em torno de qualquer possibilidade de cura para o câncer. Jamylle destaca que, mesmo com os avanços e com a diversidade de tratamentos disponíveis, “a combinação do uso de quimioterápicos isoladamente ou com outras abordagens de tratamento continua sendo a mais utilizada, obtendo bons resultados na grande maioria dos casos, em especial, com o diagnóstico precoce”. 

Ao falar sobre as esperanças de tratamento que a pesquisa realizada na Ufal pode apontar, a docente e a estudante Everlaine Leite ressaltam a importância da continuidade das investigações e lembra que a “literatura tem mostrado que cerca de 60% dos medicamentos atualmente utilizados para o tratamento do câncer foram desenvolvidos a partir de moléculas encontradas na natureza, ressaltando a importância das pesquisas científicas no tema”. 

As pesquisadoras falam ainda que a resistência que muitos pacientes demonstram aos quimioterápicos também deve ser considerada na busca de novos medicamentos para o tratamento do câncer. “Nossa pesquisa busca contribuir neste ponto, encontrando nas plantas medicinais substâncias que possam ajudar no tratamento, com boa eficácia e baixos efeitos colaterais”, esclarece as pesquisadoras ao defenderem a necessidade de mais investimentos para continuar a desenvolver os trabalhos, as colaborações e a formação dos estudantes. 

*Com Ufal