A assistente financeira Jéssica Souza, de Pernambuco, é uma das mais de 250 pessoas que sofreram queimadura na córnea por causa de uma pomada usada para fazer tranças no cabelo. De acordo com ela, “era como se tivesse pimenta dentro dos olhos”.
Desde domingo (5), mais de 250 pessoas que usaram produtos para cabelo nas prévias de carnaval no Recife e em Olinda foram a emergências, algumas com cegueira temporária, por causa do contato dos olhos com produtos capilares.
Jéssica foi a um salão de beleza para fazer tranças e ir a uma prévia, no sábado (4). O problema começou ainda no show, quando choveu e os olhos dela começaram a arder.
“Como choveu, essa pomada escorreu e entrou dentro do meu olho, fazendo uma queimadura na córnea. No momento do show, eu arranquei os cílios postiços que estava usando, pensando que era por conta deles. Chegando em casa, tirei a maquiagem normal, lavei o rosto e dormi”, disse.
Só foi na manhã seguinte que ela percebeu a gravidade da situação. “Quando acordei, o olho estava bastante ‘pregado’ e escorrendo muito, ardendo demais. Só foi o lado direito, graças a Deus. Aí, fui para a emergência”, contou Jéssica.
Jéssica Souza sofreu queimaduras no olho após uso de pomada para fazer tranças — Foto: Reprodução/WhatsApp
Segundo o oftalmologista Pedro Soriano, existem diferentes níveis de queimaduras causadas por produtos capilares. Elas podem ser leves, moderadas e graves, dependendo da quantidade de produto e tempo de exposição.
“O contato ocasiona a agressão. Quanto mais rápido essa substância for removida, melhor para o paciente. O tempo que leva para o paciente chegar num local e ser atendido faz muita diferença. Sugiro que a população, de maneira imediata, aos primeiros sintomas de irritação, já faça uma lavagem por 20 a 30 minutos, e depois procure a urgência”, afirmou o médico.
No hospital, Jéssica descobriu não ser a única nessa situação e foi informada de que várias outras pessoas também sofreram queimaduras químicas nos olhos por causa de produtos capilares.
“A cabeleireira que fez ficou superpreocupada, e está entrando em contato com o produto, fazendo a queixa. Espero que as pessoas não deixem de fazer as tranças, mas não utilizem esse material que prejudica bastante a saúde. Graças a Deus, não foi uma coisa tão grave, mas não deixa de interferir, de causar algo ruim na vida da gente”, disse Jéssica.
*Com G1 PE