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Alagoas já realizou 162 procedimentos obstétricos acompanhados por doulas este ano, no Hospital da Mulher

Foto: Carla Cleto/Ascom Sesau

Elas não são parteiras e nem enfermeiras obstetras. Entretanto, acompanham as gestantes em partos e proporcionam apoio emocional, sugerindo técnicas não medicamentosas ou exercícios para alívio da dor. Conhecidas como doulas, elas atuam no Hospital da Mulher, localizado no bairro Poço, em Maceió, unidade pioneira em Alagoas na contratação dessas profissionais para integrar a equipe de assistência ao parto humanizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Vinculada à Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), a maternidade do Hospital da Mulher é especializada em parto de risco habitual e já realizou 162 procedimentos obstétricos acompanhados de doulas nos dois primeiros meses deste ano. Em 2022 foram 980 partos.

O hospital conta com uma equipe formada por seis doulas, que atuam 24 horas por dia. O ambiente dispõe de espaços pré-parto, parto e pós-parto, situados em um ambiente confortável para deambulação, com chuveiro morno, equipe que trabalha com bola suíça, musicoterapia, aromaterapia e penumbra.

Foto: Carla Cleto/Ascom Sesau

A coordenadora das doulas da unidade, Carol Cales, explica que as profissionais são responsáveis por evitar que sejam realizados procedimentos hospitalares que a mãe não queira, proporcionando humanização durante o parto.

“Todas as mulheres que vêm para o Centro de Parto Normal são acompanhadas pela equipe de doulas, que atua junto com a equipe de fisioterapia e enfermagem obstetra, garantindo assistência à mãe e ao bebê, respeitando as escolhas da parturiente”, explicou.

Carol Cales destaca que não é papel da profissional fazer qualquer tipo de procedimento médico e que a atuação delas não dispensa profissionais obstetras.

“É uma iniciativa única na saúde pública brasileira oferecer esse cuidado à mulher e ao bebê. As doulas trazem outro olhar para toda a equipe multidisciplinar. É uma profissional que faz toda diferença no trabalho final. Sempre falamos que o nascimento de um filho é um momento ímpar na vida de uma mulher e queremos que seja a melhor experiência possível”, enfatizou.

Atendimento Humanizado

Trabalhando na maternidade do Hospital da Mulher desde a inauguração, a doula Maria da Silva descreve que o atendimento humanizado é uma prioridade durante o parto e que esse tipo de profissional atua junto à gestante no cuidado emocional, físico e informativo.

“Enquanto os outros profissionais estão focados na parte técnica, precisam estar saindo e entrando, as doulas estão ali para esse cuidado. Somos aquela presença amiga, cuidadosa, empática, que está ali olhando, agachando junto com a parturiente, que está perguntando onde está a dor, oferecendo massagem e conforto”, relata.

Ela explica que as doulas também atuam no acolhimento dos acompanhantes da gestante, garantindo um acolhimento e entendimento maior do processo do parto.

“Atuamos em uma recepção informativa, emocional e física, e com acompanhamento completo no puerpério imediato, como forma de acolher e respeitar as escolhas durante o parto. Também fazemos o acolhimento do acompanhante para que ele se conecte, fortaleça a mulher e receba esse bebê com mais cuidado. Eles precisam entender que o nascimento tem que ser de uma forma amorosa, carinhosa e, principalmente, respeitosa”, salientou Maria da Silva.

Pioneirismo

Inaugurado em setembro de 2019, o Hospital da Mulher Drª Nise da Silveira é a primeira unidade hospitalar de Alagoas totalmente dedicada à saúde feminina. No mesmo ano, o Estado sancionou a Lei 8.129, que garante a presença de doulas nos hospitais e maternidades públicas e privadas durante o trabalho de parto até o pós-parto imediato.

Foto: Carla Cleto/Ascom Sesau

Atuando na unidade, a presidente da Associação de Doulas em Alagoas (Adoal), Rosiane Oliveira, relembrou a parceria com a Sesau para articulação das doulas para o hospital. “Recebemos o convite da Sesau e realizamos uma seleção. É muito bacana para o hospital ter profissionais que são de uma associação, que tem por objetivo promover a melhoria do serviço. E é muito importante estarmos integradas ao SUS”, destacou.

Ainda de acordo com Rosiane, as profissionais têm formação em técnicas não farmacológicas e algumas terapias integrativas. “Colocamos a formação em prática e percebemos, que com o mínimo se faz muito. Esse profissional é preparado para dar, de fato, uma presença não julgadora, empática. Assim, tivemos vivências maravilhosas no Hospital da Mulher”, relatou.

*com Assessoria