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Mulheres vencem a dependência química com a ajuda da Rede Acolhe: “procure ajuda enquanto é tempo”

Elas são mulheres que carregam a força da resiliência e da superação. Mulheres que enfrentaram dificuldades, correram riscos, mas conseguiram reunir forças para pedir ajuda e dar a volta por cima.

Na semana em que se celebra o Dia Internacional da Mulher – 8 de Março –  a Secretaria de Estado de Prevenção à Violência (Seprev) compartilha histórias reais de mulheres que venceram a dependência química e escrevem uma nova história de vida com a ajuda da Rede Acolhe. O objetivo, elas dizem, é inspirar outras mulheres a dar o primeiro passo em direção à liberdade.

O primeiro relato de superação é o da Maria Aparecida dos Santos, de 35 anos. Natural do município de Pindoba, no interior de Alagoas, ela conta que sua relação com o álcool e outras drogas começou ainda na juventude, por influência de um ex-companheiro.

“Comecei usando lança-perfume, passando posteriormente para o crack, a cocaína, cola, até substâncias aplicadas na veia, e o álcool estava sempre presente”, relata. “Chega um momento em que a droga acaba com os seus vínculos familiares. Você perde o amor da mãe, perde o amor da família, do marido, e se encontra no fundo do poço. Aí só existem duas saídas: ou você pede ajuda ou acaba morrendo”, comenta Maria Aparecida.

O desespero causado pela dependência química fez com que ela perdesse as esperanças e, por sete vezes, Maria Conceição tentou tirar a própria vida. “Tentei deixar a droga sozinha e não conseguia, por isso houve tantas tentativas de suicídio. Mas a mão de Deus estava sempre comigo”, diz.

A esperança veio quando ela aceitou um convite para iniciar o tratamento oferecido pela Rede Acolhe. Ela foi encaminhada para a comunidade acolhedora Casa Betânia, onde recebeu o apoio da equipe multiprofissional. Passaram-se cinco anos desde a sua saída da comunidade. Atualmente, retornou à Casa Betânia e, há dois meses, faz um novo tratamento, agora para se livrar do álcool e do cigarro.

“O conselho que eu tenho para quem sofre com esse tipo de doença é: procure ajuda e corra enquanto é tempo. A Maria de hoje é uma mulher forte, de atitude e com coragem para enfrentar o que vier; uma mulher que se renova a cada dia para vencer qualquer adversidade”, afirmou.

Hoje, o programa para tratamento de dependentes químicos do Governo de Alagoas conta com 34 comunidades acolhedoras, que oferecem gratuitamente 750 vagas para acolhimento na capital e no interior do Estado. Homens, mulheres e mesmo adolescentes a partir dos 12 anos podem iniciar o tratamento.

Leilane Malta, psicóloga da Casa Betânia, ressalta a importância do apoio profissional para quem deseja vencer a dependência química. “Além da atenção voltada para a adicção em si, nós trabalhamos a autoestima dessas mulheres, motivando-as a olhar para si mesmas e cultivar o amor-próprio, resgatando tudo o que foi perdido com a dependência química. A equipe técnica trabalha a reinserção social das acolhidas, o fortalecimento dos vínculos familiares e toda uma reestruturação da sua vida para que essa mulher não apenas abandone o vício, mas tenha todas as suas demandas sanadas, reduzindo assim as chances de recaídas”, explica a psicóloga.

Reinserção social

E as possibilidades não param por aí. Dependentes químicos que concluíram o tratamento na Rede Acolhe continuam sendo acompanhados pelos monitores e têm a oportunidade voltar ao mercado de trabalho por meio dos cursos de qualificação profissional oferecidos pelo Centro de Referência em Reinserção Social e Produtiva da Seprev.

A ex-acolhida Lidiane da Silva tem 35 anos e há cinco está livre do crack. Após finalizar o tratamento com êxito, participou dos cursos de Eletricista e de Masseiro oferecidos gratuitamente pela Seprev, através de contrato com o Senac Alagoas. Ao olhar para trás, ela fala com satisfação sobre a transformação que vivenciou.

“Um momento muito difícil para mim foi quando me senti aprisionada, vivendo só para a adicção. Então eu disse: ‘pra mim chega’. Quando concluí o tratamento, já estava mais forte, e hoje me sinto plenamente recuperada. Nós, mulheres, nunca podemos desistir de sonhar e de acreditar que a mudança é possível. Devemos nos apoiar em quem pode nos ajudar, porque, sozinho, é muito difícil, mas devemos sempre persistir”, aconselhou.

*Com Assessoria