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A primeira pesquisa no estado, que busca investigar a ocorrência de condições que aumentam o risco de desenvolvimento de doenças crônicas em pessoas vivendo com HIV (PVHIV), por meio da identificação da prevalência de síndrome metabólica e de risco cardiovascular, vem sendo realizada pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal) em parceria com a Universidade de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal). A síndrome metabólica é uma condição na qual o indivíduo apresenta diversos distúrbios do metabolismo ao mesmo tempo, como por exemplo: diabetes, taxas de lipídios alteradas no sangue, obesidade, hipertensão arterial, dentre outras doenças.
Denominada de Características cardiometabólicas e fatores associados ao risco cardiometabólicos em pessoas vivendo com HIV em Alagoas: uma investigação para promoção de saúde e prevenção de agravos crônicos, a pesquisa tem a coordenação da professora Luciana Costa Melo, do Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde (ICBS), que integra o Campus A.C. Simões, em Maceió. A etapa em andamento tem conclusão prevista para junho deste ano e a amostra para análise para identificar o perfil cardiometabólico do público-alvo foi composta por pessoas voluntárias acima de 18 anos de idade. O HIV é o vírus da imunodeficiência humana causador da aids.
“Por meio desse estudo será possível desenvolver estratégias de saúde baseadas em evidências científicas para uma melhor assistência a essa população e redução de custos com o tratamento de doenças crônicas não transmissíveis. Em aspecto geral, será possível detectar o que predispõe PVHIV ao desenvolvimento de doenças crônicas”, destacou Luciana Melo, que é mestre em Nutrição e doutora em Ciências da Saúde.
Segundo a pesquisadora, em Alagoas, considerando quem está em tratamento, há cerca de nove mil pessoas nessa condição. Porém, esse universo não corresponde à realidade quando se leva em consideração abandonos de tratamento e pessoas ainda sem diagnóstico, o que pode elevar, dessa forma, o número de pessoas acometidas por vírus HIV no estado. “A pesquisa vai detectar quais são os fatores associados aos agravos crônicos e, conhecendo-os, será possível realizar um rastreamento precoce dos indivíduos com risco elevado e implementar uma intervenção precoce para evitar desfechos mais graves”, enfatizou.
A pesquisadora da Ufal diz que o perfil das pessoas vivendo com HIV mudou ao longo das décadas. A terapia antirretroviral permitiu que infectados pelo vírus HIV tenham um tempo de vida muito maior. No entanto, efeitos adversos desses medicamentos e a própria ação do vírus no corpo promovem modificações no metabolismo das PVHIV que as torna mais suscetíveis ao desenvolvimento de distúrbios metabólicos.
“Além disso, temos, pela primeira vez, o surgimento de uma população que está envelhecendo com HIV. E, dessa forma, também está suscetível a fatores de risco ambientais que não estão relacionados diretamente ao HIV, mas sim ao próprio processo de envelhecimento. Portanto, é muito importante conhecer o perfil cardiometabólico dessa população. Até hoje, esse é o primeiro estudo com amostra representativa a ser realizado no estado de Alagoas”, reforçou.
A docente destaca que a pesquisa tem uma abordagem científica, mas também assistencial, e os dados obtidos estão em análise e a primeira etapa correspondeu à coleta de dados. Pessoas Vivendo com HIV foram avaliadas nos ambulatórios do Hospital Dia do Hospital Universitário Professor Alberto Antunes (HU) da Ufal e no Serviço de Atendimento Especializado do Hospital Escola Dr. Hélvio Auto, da Uncisal. Paralelamente, a professora Luciana disse estar trabalhando em um projeto de extensão com o intuito de promover a saúde cardiometabólica para PVHIV.
“É uma forma de devolver aos serviços os resultados da pesquisa científica. O projeto se chama “Vidahpositiva” e, mesmo com a conclusão da pesquisa prevista para junho, ele deve continuar por meio de um estudo longitudinal. Os dados obtidos irão compor artigos científicos que serão submetidos a periódicos de circulação internacional”, informou Luciana, destacando que o projeto que integra o estudo científico pode ser conhecido pelo Instagram: @projetovidahpositiva .
Parceria
A pesquisa conta com a colaboração da médica infectologista Cristiane Ferreira Araújo, (médica assistente da Uncisal) e tem o apoio dos ambulatórios de Infectologia do HU e do HEHA. A parte técnica e de análise de dados têm sido realizadas na sala de atendimentos clínicos do ICBS da Ufal e no Laboratório de Fisiologia Cardiovascular e Neuroendócrina (Lacan), pertencente à referida unidade acadêmica. O laboratório é coordenado pela professora Priscila Guimarães.
Integram a equipe do estudo os alunos de iniciação científica Tiago Santos Ferreira e Natália Maria da Silva Santos (Ufal), Beatriz Marques Ramos (Uncisal) e Ana Caroline Freitas dos Santos (iniciação científica júnior). Como voluntários: Elisama Gomes de Santana e Sandro Rodrigo Barbosa da Silva; e as pós-graduandas Marcilene Glay Viana Pessoa, Marylia Santos Pereira e Adrielle Silva de Oliveira. O gerenciamento da equipe é feito pela professora Luciana e pela médica infectologista Cristiane Ferreira, do hospital da Uncisal.
*Com Assessoria