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Nordestina testemunha ataques racistas contra Vinicius Junior em estádio: ‘um ódio que dava medo’

Foto: Arquivo pessoal

A historiadora e pesquisadora paraibana Sylvia Brito, testemunhou os ataques racistas contra o jogador brasileiro Vinicius Junior, no domingo (21), no Estádio Mestalla, de Valência, durante o jogo entre o time da casa e o Real Madrid pelo Campeonato Espanhol.

Sylvia relata que estava absolutamente empolgada com a possibilidade de ver o brasileiro em campo, de matar a saudade de alguma forma daquilo que lhe remete ao Brasil. Ela então não teve dúvidas. Chamou o marido e os dois foram juntos assistir à partida. Era a primeira vez dela num estádio espanhol, a primeira vez dele depois de 25 anos de ausência. Ambos deixaram o local sem vontade de voltar.

“Foi uma coisa muito impactante e chocante ver ‘pessoas normais’, que eu provavelmente cruzo no meio da rua, que são meus vizinhos, que eu convivo de forma indireta, talvez, mas que são extremamente racistas”, lamenta Sylvia.

Racismo despudorado

O primeiro incidente grave do jogo foi registrado mais ou menos por volta dos 15 minutos do segundo tempo, mas a primeira paralisação efetiva foi registrada dez minutos depois. O principal foco de racismo vinha de um setor de arquibancada localizado por trás de um dos gols do estádio, mas Sylvia chama a atenção para uma outra questão: a falta de indignação do público em geral aos atos racistas.

“Tinha uma família ao meu lado, que parecia ser bem amistosa. Mas quando a confusão começou, todo mundo se exaltou. Começaram a xingar Vini”, lamenta. “Eu vi idosos, mulheres, crianças, pessoas de todas as idades babando, estirando dedo, um ódio que dava medo. Um racismo despudorado, recreativo. Pessoas que não tinham o menor pudor de se mostrar racistas”, descreve, ainda assustada.

“Não tenho mais vontade de voltar”

Sylvia se diz em choque com o que viu. Quando Vini foi expulso, o estádio todo foi abaixo, comemorou. Ela, ao contrário, teve vontade de chorar:

“Eu não tenho mais vontade de voltar. Foi algo indefensável”, dispara Sylvia, que na saída do estádio ainda ouviu ofensas por causa de sua camisa da seleção brasileira.

*Com G1