Colabore com o Eufemea

Quatro em cada dez mulheres sofrem com incontinência urinária; especialista explica relação com a menopausa

Foto: Assessoria

Quando se fala sobre intimidade e problemas desconfortáveis, como os ginecológicos, é comum que a vergonha em se expor e o tabu criado pela sociedade impeça que se tirem dúvidas e ache soluções para essas situações. Esse processo também limita a procura por ajuda profissional, o que pode agravar o quadro.

Um desses problemas é a incontinência urinária, que atinge quatro em cada dez mulheres, segundo mostra a pesquisa qualitativa Menopausa e Incontinência Urinária, feita com mulheres com idades entre 40 e 60 anos. Essa condição afeta a qualidade de vida desse público, com impacto na autoestima, insegurança na vida social, medo do odor e prejuízos na vida sexual e saúde em geral. Cerca de 85% das brasileiras entrevistadas conhecem e entendem o tema dos escapes de xixi, mas, ainda assim, não buscam ajuda nem falam a respeito, mesmo entre amigas, por medo ou vergonha.

Estima-se que 12 milhões de pessoas sofram com incontinência urinária no Brasil. Entre elas, as mais afetadas são as mulheres, devido aos fatores inerentes ao sexo feminino, que vão desde a anatomia, idade, obesidade, número de gestações e partos normais realizados, diabetes e o hipoestrogenismo na pós-menopausa.

De acordo com a ginecologista Thayse Ferro, embora seja um tema que vem sendo muito debatido nos consultórios, a inibição de conversar sobre essa perda urinária ainda é um tabu. “Apesar de atingir grande parte da população, em especial as mulheres, elas sofrem em silêncio. Como é mais prevalente nas mulheres na sexta década de vida, elas acreditam que é um processo natural de envelhecimento e que não tem tratamento”, comenta. 

A incontinência urinária nada mais é que a perda da urina nos mínimos esforços e em situações cotidianas, como prática de atividades físicas que exigem mais esforço e ao tossir e espirrar. Isso ocorre por conta de uma hipermobilidade da musculatura da bexiga ou um defeito no esfíncter da uretra. As variações hormonais são responsáveis por manter saudável a musculatura e o epitélio feminino na pelve feminina. 

A ginecologista explica que é necessário encontrar as causas para a incontinência. “Fatores como idade, obesidade e estilo de vida da mulher impactam na condição. Na maioria das vezes, o diagnóstico é clínico. Em algumas situações pode haver a solicitação de exames complementares. O tratamento vai depender de como e quanto a vida social, amorosa ou psicológica da mulher é prejudicada”, ressalta. 

Estudos mostram que somente o fato de ser mulher já é um fator de risco, principalmente no avançar da idade. Isso porque a incontinência urinária também é uma das consequências da menopausa, mas cerca de 30% das pacientes alegam não saber que o problema faz parte desse estágio da vida. No entanto, mulheres jovens também têm apresentado o quadro cada vez mais cedo, o que pode ser atribuído à utilização de contraceptivos, medicações e estilo de vida que causam a diminuição do estrogênio periférico. 

Na maioria das vezes a perda da urina é algo que não se consegue controlar. Há também vários graus de incontinência urinária e são justamente nos mais elevados que existe uma maior dificuldade no controle e tratamento. Para a médica, o ideal é que ao menor sinal dos sintomas a paciente procure por um ginecologista ou urologista. 

O tratamento, que pode ser conduzido tanto por um ginecologista como por um urologista, vai desde as mudanças de estilo de vida como controlar a diabetes, pressão arterial e o peso, até sessões de fisioterapia, medicações e a utilização de tecnologia, entre elas o ultrassom microfocado e radiofrequência. Em alguns casos, pode ser indicada a realização de cirurgia, especialmente quando a paciente não responde ao tratamento conservador. 

“Quanto mais cedo procurar um tratamento, mais chances de cura se têm. Os procedimentos cirúrgicos podem ser indicados quando há uma incontinência urinária muito evoluída e será feito após as falhas de tratamento clínico, tecnológico e medicamentoso. No entanto, essa não é uma opção tão eficaz, por isso a necessidade de conseguir interromper a evolução da doença o mais cedo possível”, reforça a médica. 

O fato das mulheres conseguirem identificar essas problemáticas de forma rápida também ajuda no sucesso do tratamento. Entre os sintomas que se deve ficar alerta estão a infecção urinária de repetição, aparição de vulvovaginites e dor na relação sexual. A inclusão de uma alimentação saudável e hábitos como atividade física podem diminuir o aparecimento da incontinência, que pode ser agravada com quadros de constipação intestinal levando aumento da pressão intrabdominal e piorando a incontinência. 

Por fim, a ginecologista Thayse Ferro alerta para a procura de um profissional assim que identificado os primeiros sintomas para um diagnóstico e tratamento mais eficaz. “Os tratamentos são os mais diversos e deve ser individual, de acordo com os sintomas apresentados. Existem tratamentos locais, com hormônios e hidratantes vaginais, o HIFU- ultrassom microfocado realiza um fortalecimento dessa musculatura e a melhora da mucosa com neocolagenose e neovascularização. É importante não deixar evoluir, por isso, se houver o mínimo de desconforto, é hora de procurar um médico”, finaliza. 

*Com Assessoria