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“Não podemos tratar de políticas públicas apenas para uns, quando estamos à frente do serviço público”, diz secretária da Semudh

Foto: Bruno Levy/Ascom Semudh

Na construção do Plano Estadual de Políticas para a Mulher, a Secretaria de Estado da Mulher e dos Direitos Humanos (Semudh) realizou, em parceria com o Instituto Aroeiras, uma audiência para ouvir as demandas de mulheres e mães de Casas de Terreiro para alinhar políticas públicas em favor das religiões de matriz africana, que são as mais afetadas com racismo religioso no Estado.

O encontro ocorrido nesta sexta-feira (02), na Escola de Governo de Alagoas, no Centro de Maceió, reuniu lideranças religiosas vindas de diversas regiões de Alagoas, como os município de Coruripe, Santana do Ipanema, Rio Largo, além das casas de terreiro localizadas em Maceió.

Para a secretária da Mulher e dos Direitos Humanos, Maria Silva, o Plano fará com que as mulheres do Candomblé e da Umbanda tenham direito a voz na estrutura do Estado.

“Não podemos tratar de políticas públicas apenas para uns, quando estamos à frente do serviço público. Não é possível que as religiões católica, evangélica, pentecostal tenham atenção e as religiões de matriz africana sejam deixadas de lado, esquecidas”, disse Maria.

Também participaram do encontro a secretária Executiva da Mulher e dos Direitos Humanos, Dilma Pinheiro, a superintendente de Políticas para a Mulher, Elida Miranda e a assessora técnica, Gabriele Quirino. Em conjunto com o Instituto Arueiras, todas trabalharam para ouvir as demandas a fim de colocá-las dentro do Plano Estadual de Políticas para a Mulher.

Para a zeladora de santo e da cultura afro-indígena em Alagoas, Mãe Mirian, o Governo do Estado está fazendo certo em ouvir a população de terreiros e isso precisa se tornar mais recorrente.

“Somos uma casa que acolhe todos os tipos de pessoas, independentemente de cor, sexo, política! Nós respeitamos nossos vizinhos e as religiões que eles cultuam. Apenas queremos nos sentir seguras para fazer nossas orações sem sermos discriminadas apenas pela nossa escolha religiosa”, explicou a sacerdotisa que já acumulou mais de 75 anos de axé em Alagoas.

Intolerância histórica

Vítimas de racismo e de intolerância religiosa, as religiões de matriz africana ainda sofrem com o preconceito e a discriminação de quem ainda desconhece a cultura. No ano passado, foram contabilizados 32 casos de violações motivadas por razões religiosas no estado de Alagoas, de acordo com os dados de denúncias notificadas ao Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDH).

Mais de um século depois da “Quebras de Xangô”, ocorrida em 1912, que consistiu na destruição de terreiros e perseguição a adeptos de religiões de matriz africana, ainda surgem todos os anos novos casos dessa natureza.

Visando combater a prática de intolerância e o racismo, o Governo avançou no projeto de criação do Observatório Estadual de Igualdade Racial, que vai gerar dados, pesquisas e propostas de políticas públicas efetivas em benefício das populações negra e indígena do estado, em todas as suas representações.

Plano de Políticas para a Mulher

Esta foi mais uma etapa para a conclusão do Plano Estadual de Políticas para a Mulher, que já realizou audiências em maio deste ano com mulheres quilombolas e indígenas, além das audiências com mulheres do campo e da cidade.

O Plano visa, entre outras possibilidades, estabelecer prioridades, discutir diretrizes e caminhos a seguir, articular os setores e instituições envolvidas e construir um documento que reflita os interesses da população, especialmente das mulheres, as quais serão diretamente afetadas e impactadas pelas decisões.

*com Assessoria