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“Não tem dignidade e caráter”: deputados atacam tenente-coronel dos Bombeiros após aprovação de projeto

Foto: Igor Pereira

Durante a sessão ordinária da Assembleia Legislativa de Alagoas desta quarta-feira (14), os deputados estaduais debateram a aprovação de um projeto de lei que dispõe sobre os critérios e as condições que asseguram aos oficiais e praças da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar acesso na hierarquia.

Eles criticaram a aprovação, chamaram de Lei ‘Coronel Camila’, acusaram a tenente-coronel do Corpo de Bombeiros, Camila Paiva, de fazer discórdia dentro da Casa, disseram que ela não tinha caráter e dignidade, além de questionarem “o que ela fez de tão importante para ser oficial?”.

O projeto, aprovado nesta quarta-feira, determina que as promoções por escolha passarão a ser realizadas não mais com base numa lista contendo o nome de apenas três oficiais, e sim, a partir da lista que contenha totalidade dos militares aptos ao preenchimento das vagas.

Deputado diz que tenente-coronel não tem mérito

Quem iniciou a fala sobre o Projeto foi o deputado Cabo Bebeto (PL). Segundo ele, a Casa de Tavares Bastos enterrou hoje a independência do Corpo de Bombeiros. “Com essa lei, hoje, a gente volta a tornar o Corpo de Bombeiros dependente. Vários militares estão com ações no Palácio aguardando a assinatura do Governo do Estado, que tem sido insensível e ninguém sabe o porquê”.

Bebeto continuou dizendo que existem diversas promoções na corporação e uma delas é a promoção de escolha. Foi nesse momento que ele citou a tenente-coronel Camila Paiva. “Devido a uma promoção de uma tenente-coronel dos Bombeiros, desde maio do ano passado o Governo de Alagoas não assina nenhuma promoção do critério de escolha”.

Segundo o parlamentar, “a tenente-coronel não tem mérito para conquistar a promoção”.

“Tudo que sempre aconteceu dentro da polícia e dos bombeiros é porque a comissão de promoções para oficiais e praças fazia a lista das pessoas que ela enxergava, que a corporação enxergava, e encaminhava para o palácio para que o Governo escolhesse dentre esses três nomes quem seria o agraciado pela promoção por escolha. Como esta tenente-coronel não era a escolhida, essa promoção foi paralisada”.

Bebeto disse que se pergunta até hoje como a tenente-coronel conseguiu ‘tamanha façanha’, mudando a legislação de uma corporação e causar esse desconforto.

“Não sei qual foi o acordo e qual é o mérito. Ela vai ser coronel porque certamente essa lei vai ser aprovada. Vai andar de cabeça erguida porque é uma feminista que diz que luta. Eu procuro o que ela fez para conseguir tamanha façanha”, comentou Bebeto.

Já o deputado Silvio Camelo defendeu o Governo do Estado e disse que havia a necessidade de ter essa alteração. “Não sei se essa lei foi dirigida a A, B ou C porque aqui não tem o nome de ninguém. Toda lei é impessoal. Não existe que ‘fez para fulano ou sicrano’, existe uma regra que foi alterada e que a partir de agora vai seguir essa regra”.

Após Camelo negar um aparte ao deputado cabo Bebeto, o presidente da sessão, deputado Bruno Toledo, precisou intervir, e também foi criticado pela postura. Por causa dessa intervenção, os parlamentares acabaram discutindo e disseram que “Camila tinha causado discórdia na Casa”.

Personalidade duvidosa, diz deputado

Por fim, o deputado Francisco Tenório fez uso da palavra e disse que é preciso que “se tome conhecimento para saber quem realmente é a tenente-coronel Camila”.

Ao iniciar a fala, o deputado disse que a tenente-coronel “não tem um caráter digno e tem personalidade duvidosa”.

“Essa mulher age nos subterfúgios. Ela chegou um dia aqui nessa Casa, pediu para falar comigo sobre um projeto com o interesse pessoal dela e me gravou. Gravou a minha conversa me provocando. Ela deixava o telefone cair para que eu pudesse olhar, talvez, para ela e se exibia como a sua exuberância. E depois fez uso das gravações que fez usando trechos que interessavam à ela”, comentou.

Após o relato, o parlamentar disse: “é essa mulher que poderá ser comandante”. “O que fez ela de tão agradável? Ela não tem dignidade para ser oficial”.

Até o momento, a tenente-coronel não se pronunciou sobre o caso.

O PL foi aprovado, em segundo turno, com os votos contrários de cinco deputados: Cabo Bebeto, Fernando Pereira, Gaby Gonçalves, Rose Davino e Delegado Leonam.