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Dia dos Povos Indígenas: professora comenta luta por direitos e valorização da cultura

O estado de Alagoas abriga uma população indígena com mais de 25 mil residentes, segundo o Censo de 2022, divulgado na última segunda-feira (7). Apesar de os números evidenciarem essa presença, os desafios enfrentados por esse grupo são notáveis.

A maioria dos indígenas, cerca de 74%, reside fora das terras delimitadas, o que amplifica questões como a falta de acesso a territórios tradicionais e agravos como a escassez de serviços públicos essenciais e a discriminação.

Para reverter esses preconceitos e promover o reconhecimento da cultura, tradições e relevância dessa comunidade na sociedade, a educação emerge como uma das principais vias.

Contudo, muitos estereótipos racistas ainda permeiam o imaginário coletivo brasileiro, ignorando a diversidade existente entre os povos indígenas. A ministra Sônia Guajajara, em seu discurso de posse no Ministério dos Povos Indígenas, enfatizou: “Estamos presentes nas cidades, aldeias e florestas, desempenhando uma gama diversificada de atividades”.

Nesse contexto, datas como o Dia Internacional dos Povos Indígenas, celebrado nesta quarta-feira (9), desempenham um papel crucial ao jogar luz sobre as batalhas enfrentadas por essa população.

Segundo a professora de educação básica, mestra em geografia e representante da Bancada Negra, Alycia Oliveira, a conscientização ganhou um passo importante no âmbito educacional com a promulgação da lei nº 11.645, em 2008.

Essa lei tornou obrigatório o ensino da história e cultura indígena e afro-brasileira nas escolas de ensino fundamental e médio. Entretanto, a educadora ressalta a necessidade de estender essa obrigatoriedade ao ensino superior.

“Não existe a obrigatoriedade por lei da inserção do tema no ensino superior, então isso torna difícil que esses dispositivos legais sejam implementados de fato no ensino básico. Precisamos discutir a inserção do assunto nos cursos de formação de professores e nos currículos dos cursos de licenciatura, para que os povos indígenas não sejam mais retratados a partir da perspectiva dos colonizadores”, disse a educadora.

A representatividade também emerge como fator crucial. A presença de profissionais indígenas em diversas áreas é vital para desconstruir estereótipos enraizados.

“Autores, educadores, pesquisadores e outros atores sociais com origem indígena devem ser incorporados ao ambiente escolar, possibilitando aos estudantes desconstruir percepções muitas vezes perpetuadas por livros didáticos, as quais retratam os povos indígenas como se mantivessem o mesmo estilo de vida desde 1500 ou mesmo como se tivessem sido extintos. O respeito aos povos indígenas requer uma luta incansável pela aplicação e efetivação dos instrumentos legais”, conclui a educadora.

*com Assessoria