Colabore com o Eufemea

Crianças e adolescentes representam mais de 30% dos desaparecidos em Alagoas

Reportagem de Lívia Tenório

Escolhido como o Dia Internacional das Crianças Desaparecidas em homenagem ao caso de Etan Patz, ocorrido em Nova York em 1979, o 25 de maio acende um alerta para casos similares em todo o mundo. Em Alagoas, 1.423 pessoas estão desaparecidas. Desse total, 31,8% são casos de menores de 18 anos:

3% são crianças com idade entre 0 a 11 anos

28,8% são adolescentes de 12 a 17 anos

Os dados são do Sistema Nacional de Localização e Identificação de Desaparecidos (Sinalid). Ainda de acordo com o sistema, grande parte dos desaparecimentos registrados no Estado é sem motivo aparente (37,61%), seguido por conflito intrafamiliar (18,36%) e problemas psiquiátricos (12,70%).

Desaparecimento de Maria Clara

“É um mistério o que aconteceu com ela, até hoje não tivemos notícias. Nos primeiros dias chegamos a receber informações por parte da polícia, mas depois o caso foi esquecido e não tivemos mais nenhum retorno”, disse Maria Júlia, vizinha de Maria Clara, de apenas 5 anos, que desapareceu em 19 de julho de 2021.

O desaparecimento da criança segue intrigando as autoridades e causando aflição. Ela morava no bairro Vergel do Lago, em Maceió e desapareceu após sair para brincar com uma amiga. Na ocasião, imagens de câmeras mostraram um homem com uma criança em uma bicicleta. No entanto, a investigação não avançou.

A reportagem do Eufêmea entrou em contato com a delegada responsável, em busca de atualizações sobre o caso, mas até a publicação da matéria não teve resposta.

Atuação do PLID

Foto: Cortesia

No mês de março, o Ministério Público de Alagoas (MP/AL) lançou a campanha “Maria Clara não será esquecida”. O intuito é alertar os pais sobre uma importante ferramenta na busca por crianças desaparecidas: a carteira de identidade. A iniciativa contou com o apoio do Instituto de Identificação de Alagoas.

Em Alagoas, o Programa de Localização e Identificação de Desaparecidos (Plid), do MP/AL, mobiliza nacionalmente órgãos públicos e demais atores para facilitar o processo de busca por pessoas sem paradeiro conhecido.

A promotora e coordenadora do programa, Marluce Falcão, afirma que é sempre importante o acionamento imediato das autoridades em um caso de sumiço de pessoa.

“O desaparecimento de crianças é um fato de extrema gravidade, que exige do sistema de proteção ações preventivas e o engajamento urgente e eficaz na rede de busca imediata do PLID. Quanto mais rápido se iniciar as buscas, será maior a chance de a criança voltar para casa”.

Para acionar o PLID, do Ministério Público de Alagoas, ligue: (82) 2122-5220 ou 99182-0121 ou se dirija a uma Promotoria de Justiça. Informações também podem ser repassadas através do Disque Denúncia 181.

Em nível nacional, o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) e o Ministério da Justiça (MJ) também firmaram um acordo de cooperação técnica com o Conselho Nacional do Ministério Público e o Ministério Público do Rio de Janeiro, gestor do Sistema, passando o SINALID a ser o Cadastro Nacional de Pessoas Desaparecidas do Governo Brasileiro.

Um detalhe: não é necessário esperar 24h para registrar o desaparecimento de crianças ou adolescentes. Através da Lei da Busca Imediata (nº 11.259/2005), foi determinado que haja investigação policial imediata em casos como esses.

O que fazer em caso de desaparecimento?

A delegada titular da Delegacia Especializada da Criança em Conflito com a Lei (Deacle), Bárbara Arraes, orienta que familiares devem fazer assim que notarem o sumiço da criança.

Foto: Cortesia

“É importante que levem uma foto recente para anexar ao Boletim de Ocorrência, e façam o registro imediato. A polícia não pode se recusar a iniciar as buscas, por mais recente que seja o desaparecimento”, informa.

Em Maceió, a delegacia responsável pela apuração é a de combate aos crimes contra a criança e o adolescente.

Caso que deu origem ao Dia Nacional das Crianças Desaparecidas

O desaparecimento de Etan Kilil Patz em 1979 assombrou os novaiorquinos por anos. O garoto, que na época tinha 6 anos, sumiu no dia em que os pais deixaram que ele caminhasse sozinho até o ponto do ônibus escolar: a criança não entrou no veículo, ninguém o viu e ele jamais voltou para casa.

Trinta e três anos após o desaparecimento, Pedro Hernández, morador do bairro de Maple Shade, em Nova Jersey, confessou ter matado a criança. Mesmo após a confissão, o corpo do garoto nunca foi encontrado.

Em 1983, o então presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan declarou 25 de maio como o Dia Nacional das Crianças Desaparecidas, em homenagem a Etan.