Dados da Organização das Nações Unidas (ONU) apontam que, no mundo, apenas uma em cada três pesquisadoras é mulher. Por isso, a ONU instituiu o dia 11 de fevereiro, como o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, para promover o acesso à educação, treinamento e pesquisa.
Reconhecendo a importância da mulher na comunidade científica, o Conselho Regional de Farmácia de Alagoas traz a história da farmacêutica e pesquisadora Marília Goulart, doutora em ciência. Marília pontua que fazer ciência independe do gênero, contudo, um dos entraves para as mulheres é que o reconhecimento da cientista-mulher é falho.
“Para as mulheres, historicamente, e, em várias partes do mundo, existe desigualdade de oportunidades em educação, especialmente no tocante à ciência. Há carência de modelos femininos indicativos de que se possa fazer e bem. Devido aos papéis tradicionais da mulher-profissional-educadora-mãe, em três turnos, sem divisão adequada de tarefa, há necessidade de mudanças de hábitos, políticas públicas, para assegurar que ela cumpra bem as suas múltiplas funções.
De acordo com ela, a ciência exige dedicação, colaboração, empatia, resiliência e entusiasmo associados às habilidades técnicas e circunstâncias favoráveis para que se possa seguir em frente. “Como mulher, professora, cientista, companheira, mãe e avó, me sinto agraciada. Como farmacêutica, sigo os passos de minha mãe Haydée, e fortemente estimulada pela família e ambiente, me divido entre dois mundos, o da química e o da saúde”.
A pesquisa de Marília é realizada na Universidade Federal de Alagoas e conta com o apoio de alunos e ex-alunos. Ela pontua que o seu trabalho em produtos naturais, química orgânica, eletroquímica, nutrição e doenças baseadas em estresse oxidativo (conhecido mais comumente como a luta contra radicais livres danosos à saúde), a levou do laboratório químico à pesquisa clínica, agregando valor a inúmeros produtos naturais oriundos de fontes vegetais e seguros, que têm grande potencial de utilização na terapêutica de doenças, entre elas as gastrointestinais e materno-infantis.
“Nós conseguimos com o uso de metodologias cada vez mais abrangentes, em matrizes ambientais e biológicas, gerar, por exemplo, a partir de sementes do maracujá, e uma série de compostos químicos, formulações nutracêuticas aplicáveis. Isso nos traz a perspectiva de gerar conhecimentos, de formar recursos humanos, e de aplicações biotecnológicas em saúde única”, falou a pesquisadora.
A pesquisadora destaca que existem mudanças em cursos, promovidas por mulheres, e condições mais favoráveis solicitadas por elas. Para ela, a divulgação científica das conquistas femininas, do resgate histórico das mesmas, é importante porque serve de referência para que mais mulheres e meninas façam ciência e inovação e contribuam para o desenvolvimento do país.
*Com Assessoria