Foto: Creative Commons / imagem ilustrativa
A interação entre a microbiota intestinal e o consumo de alimentos ultraprocessados em adultos e idosos foi o foco do estudo conduzido por Nayara Graciliano, bolsista do Programa de Apoio à Fixação de Jovens Doutores no Brasil, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal).
O projeto, concluído em fevereiro, foi desenvolvido no Programa de Pós-Graduação em Nutrição (PPGNUT) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) sob a coordenação do professor Nassib Bueno.
Atualmente, com a finalização dos 24 meses de estudo, os pesquisadores destacaram a importância do financiamento para a viabilização de investigações científicas que trazem contribuições relevantes para a saúde pública. A pesquisa analisou como os ultraprocessados afetam a composição corporal, o gasto energético e o desenvolvimento de comorbidades, considerando o papel da microbiota intestinal nestes processos.
“Nosso foco foi entender de que maneira a alimentação afeta a composição corporal e a saúde metabólica dos indivíduos, considerando as transformações provocadas por esses alimentos no ambiente intestinal”, explicou Nayara Graciliano.
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Segundo a pesquisadora, o consumo de alimentos ultraprocessados tem sido associado ao aumento de doenças como obesidade, diabetes tipo 2 e distúrbios cardiovasculares e neurodegenerativos.
De acordo com os resultados da pesquisa, esses produtos interferem na diversidade e na funcionalidade da microbiota, levando a alterações metabólicas que podem comprometer o equilíbrio energético do organismo.
“Os aditivos presentes nos alimentos ultraprocessados – como emulsificantes, adoçantes artificiais e conservantes – podem aumentar a permeabilidade intestinal e facilitar processos inflamatórios. Isso pode afetar não apenas o intestino, mas também sistemas hormonais e neurológicos relacionados ao metabolismo e ao controle da fome e da saciedade.
Tais alimentos podem prejudicar o metabolismo como um todo, aumentar a inflamação no corpo e dificultar a absorção de nutrientes”, explicou Nayara Graciliano.
Para Nassib Bueno, os resultados do estudo corroboram com a necessidade de políticas públicas mais eficazes na promoção de uma alimentação equilibrada e na conscientização sobre os impactos dos ultraprocessados na saúde. De acordo com a dupla, o Brasil tem avançado na regulamentação desses produtos, mas ainda há desafios na adesão a uma dieta mais saudável.
“Nossas análises reforçam a importância de programas que incentivem a alimentação baseada em produtos ricos em fibras”, acrescentou a pesquisadora, mencionando alimentos como os in natura e os minimamente processados, que deveriam compor a base da alimentação da população como um todo, segundo os estudos.
Perspectivas futuras
Com o encerramento da pesquisa, uma das perspectivas mais relevantes é sua possível contribuição para fortalecer políticas públicas já existentes, como o Guia Alimentar para a População Brasileira, que recomenda a redução do consumo de alimentos ultraprocessados.
Segundo Nassib Bueno, o estudo pode servir como base para futuras medidas regulatórias, embora ressalte que mudanças concretas dependem de um acúmulo maior de evidências científicas e da reprodutibilidade dos achados por outros grupos de pesquisa.
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Além disso, os dados obtidos reforçam a importância de ampliar o acesso à informação sobre alimentação saudável, em especial a difusão do Guia Alimentar para a População Brasileira, do Ministério da Saúde.
*Com Assessoria