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Eu, Fêmea: “Aprendi que a dor não precisa ser um ponto final”

Relato de Manuela, doula e educadora perinatal

Minha jornada na maternidade começou antes mesmo de eu entender a força que ela teria na minha vida. Fui mãe da Eloá e, como tantas mulheres, entrei nesse universo cheia de expectativas, mas também cercada de medos e incertezas.

Passei por situações que deixaram marcas profundas, inclusive a violência obstétrica e neonatal, algo que nenhuma mulher ou bebê deveria viver. Essas experiências me feriram, mas também plantaram em mim uma semente que, mais tarde, se transformaria em coragem.

Quando a Júlia chegou, eu já carregava a dor da primeira experiência. Foi nesse momento que comecei a buscar respostas, a estudar, a entender o quanto informação e apoio fazem diferença. Ainda assim, vivi desafios que me mostraram o quanto precisamos lutar por respeito no nascimento e na maternidade.

Na gestação do Raví, essa busca se intensificou. Eu já não era mais a mesma mulher. Carregava minhas cicatrizes, mas também uma força que não sabia que tinha. Foi nesse parto que consegui ressignificar minhas experiências anteriores. Descobri que o nascimento pode, sim, ser transformador, respeitoso e positivo.

E foi aí que percebi que eu não podia guardar isso só para mim. Me tornei doula e educadora perinatal, porque senti que o meu propósito era justamente esse: transformar minha dor em caminho para apoiar outras mulheres. Cada estudo, cada atendimento e cada parto que acompanho são também um reencontro comigo mesma e com a força que descobri na maternidade.

Hoje, grávida da Thalía, carrego em mim um misto de serenidade e esperança. Não sou mais a mesma mulher que iniciou essa caminhada lá atrás. Aprendi que a dor não precisa ser um ponto final. Ela pode virar coragem, pode virar voz e pode se transformar em apoio.

A minha história não é só sobre mim. É sobre todas nós. Sobre o poder que temos de transformar dor em força, cicatriz em aprendizado e experiência em caminho para ajudar outras mulheres.

Quero que cada gestante saiba que não está sozinha e que pode, sim, viver um parto respeitoso e uma maternidade mais leve. Se a minha história encorajar pelo menos uma mulher a acreditar em si mesma, então já terá valido a pena.

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