O Conselho Deliberativo do CSA-AL decidiu, de forma unânime, afastar a presidente Mirian Monte e a diretoria executiva do clube nesta segunda-feira (1). Mirian havia assumido o cargo em 2024, após a renúncia do ex-presidente Rafael Tenório.
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Em pronunciamento transmitido ao vivo nesta terça-feira (2), pela Gazeta FM AL, Mirian Monte declarou: “A gente precisa de explicações, mas são explicações que nenhum ser humano vai esclarecer. Estou aqui hoje para os esclarecimentos e expor o meu sentimento e inicio esse pronunciamento com profunda tristeza.”
“O torcedor não tenha dúvida de que não tem ninguém mais triste com todo o desfecho que tivemos nesse último mês”, continuou.
Com o afastamento, o presidente do Conselho Deliberativo, Clauwerney Ferreira, assume interinamente a gestão. Ferreira afirmou que Mirian havia solicitado um prazo de 15 dias para renunciar, mas o conselho considerou necessária a saída imediata.
Ainda nesta terça, o dirigente interino e uma comissão visitarão o Centro de Treinamento do CSA para avaliar a situação e definir a data para novas eleições, previstas para ocorrer em até dois meses.
A reunião que deliberou o afastamento ocorreu no escritório da Meyer, no bairro Farol, em Maceió. Mirian Monte não compareceu ao encontro, e parte da direção questionou a falta de oportunidade para ampla defesa.
Max Mendes, gerente de marketing na gestão de Mirian, esteve presente e considerou a decisão precipitada.
“Ela, Mirian, estava decidida a entregar o cargo. No entanto, queria apenas organizar as coisas antes de renunciar. É preciso entender que o clube está em processo de recuperação judicial, com trâmites burocráticos como a comunicação da saída à Receita Federal e questões administrativas envolvendo contas bancárias. Mesmo assim, o conselho decidiu pelo afastamento imediato”, disse Mendes.
A Associação das Mulheres Advogadas de Alagoas (AMADA) emitiu uma nota pública manifestando indignação diante do afastamento da presidenta do CSA, Mirian Monte, e de toda a diretoria executiva.
No documento, a entidade ressalta a gestão marcada pela probidade, competência técnica e humanidade de Mirian, denuncia a presença de um marcador de gênero no processo de exclusão e reafirma seu compromisso na luta contra a desigualdade estrutural que insiste em afastar mulheres de espaços de poder.
Leia na íntegra:
A Associação das Mulheres Advogadas de Alagoas – AMADA manifesta sua profunda indignação diante do afastamento da presidenta do CSA, Mirian Monte, e de toda a diretoria executiva.
Mirian Monte fez uma gestão marcada pela probidade, pela competência técnica e pela humanidade, conduzindo o clube com seriedade em meio a grandes desafios. A sua exclusão, em circunstâncias que carecem de justificativas proporcionais, expõe não apenas uma injustiça administrativa, mas também um marcador de gênero inegável.
Não é possível ignorar que, quando uma mulher ocupa espaços historicamente masculinos, como o futebol, o peso do julgamento se torna desmedido. O que seria tratado como um episódio de instabilidade esportiva, quando conduzido por homens, transforma-se em desqualificação pessoal e em questionamento da legitimidade quando se trata de uma mulher.
A AMADA reconhece em Mirian Monte uma liderança íntegra e competente, e denuncia a desigualdade estrutural que ainda insiste em expulsar mulheres de espaços de poder. O futebol, como toda a sociedade, precisa aprender que as mulheres não são passageiras, mas protagonistas.
Nos solidarizamos com Mirian Monte e reiteramos nosso compromisso de lutar contra toda forma de injustiça, preconceito e exclusão de mulheres nos mais diversos espaços de decisão.