(Foto: Adriano Arantos)
Seis anos após sua primeira participação, Monja Coen voltou à Bienal Internacional do Livro de Alagoas, que nesta edição tem como tema Brasil e África ligados culturalmente nos seus Ritos e Raízes. No palco do Teatro Gustavo Leite, em uma palestra mediada pelo professor Ivamilson Barbalho, conselheiro da Editora da Universidade Federal de Alagoas (Edufal), a missionária budista reforçou a importância de expandir a consciência coletiva e compreender que “somos um só povo”.
Para ela, a verdadeira transformação — social, política e econômica — começa pela consciência humana. “Abra a consciência, expande, vê grande, não vê pequenininho, eu, eu, eu, somos nós”, afirmou. O convite, segundo Coen, é reaprender a viver em comunidade com respeito.
Brasil–África e o sentido da conexão
No início da palestra, Monja Coen contou que participou, neste ano, de um Encontro de Mulheres Líderes em Angola, com representantes de vários países africanos. Na ocasião, recebeu de presente um hábito de uma jornalista angolana, peça que fez questão de usar na Bienal.
“Os angolanos vivem em mim e eu vivo lá também. Temos uma interrelação muito bonita. Não de escravatura, não de escravizar pessoas. Pelo contrário, de parcerias, de encontros”, destacou. Ela citou ainda o interesse dos Estados Unidos em explorar matérias-primas africanas e o movimento do continente de investir em fábricas próprias.
“Continuamos na perseguição de casa grande e senzala”
Ao falar sobre violência no Brasil, Coen lamentou que a maioria dos jovens assassinados seja negra.
“Continuamos na perseguição de casa grande e senzala. Temos que acabar com isso. Não podemos admitir mais. A gente tem que chorar pelas mortes e não naturalizar e dizer ‘que bom que matou bandido’. Matou ser humano”, refletiu.
Para ela, a mudança começa dentro de cada pessoa: “Eu vou mudar a violência que existe em mim — existe em todos nós. A monja é boazinha? A monja não é boazinha, a monja é brava, mas trabalha com a sua braveza”.
“Menos armas e mais livros”
Coen contou que sempre carrega em sua mala um selo com a frase “Menos armas e mais livros” e defendeu que o momento pede o retorno à leitura, ao estudo e ao desenvolvimento do intelecto, em vez da cultura de ódio.
“É um momento muito importante de recuperar a nossa capacidade humana de diálogo, de encontro, de respeito. Cada vida humana importa. Não é só uma ou duas. Todas elas são importantes”, afirmou.
Sobre a Bienal
A 11ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas é realizada pela Universidade Federal de Alagoas e pelo governo de Alagoas, com correalização da Fundação Universitária de Desenvolvimento de Extensão e Pesquisa (Fundepes) e patrocínio do Senac e do Sebrae Alagoas.
Com curadoria do professor Eraldo Ferraz, diretor da Edufal, o evento tem como parceiros a plataforma Doity, os Hotéis Ponta Verde, o Sesc, a Prefeitura de Maceió (via Semed) e o Instituto Federal de Alagoas (Ifal), além das secretarias estaduais de Cultura e Economia Criativa (Secult), Turismo (Setur) e Comunicação (Secom).
As novidades da Bienal 2025 podem ser acompanhadas pelo site oficial e nas redes sociais no perfil @bienaldealagoas.
*com Ascom BIENAL