Qual é o impacto das comunidades tradicionais na proteção da biodiversidade e na conservação da Floresta Amazônica, a maior floresta tropical do mundo? Essa foi a pergunta que norteou a pesquisa de Ana Carla Rodrigues no doutorado pelo Programa de Pós-Graduação em Diversidade Biológica e Conservação nos Trópicos (PPG-Dibict) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Agora, os resultados acabam de ser publicados na Nature Sustainability, uma das revistas científicas mais conceituadas do mundo.
Ao acompanhar o manejo comunitário do pirarucu na porção média do Rio Juruá, no Amazonas, Ana Carla investigou como populações tradicionais protegem lagos e áreas florestais da exploração externa por meio de sistemas locais de vigilância. A prática da pesca sustentável garante não apenas a conservação do pirarucu, mas mantém ecossistemas vitais para o planeta. Apenas no Amazonas, estima-se que 15 milhões de hectares de florestas estejam protegidos por essa estratégia comunitária.
“O manejo comunitário do pirarucu na Amazônia demonstra que as comunidades protegem um dos biomas mais complexos e vitais do planeta. Os benefícios extrapolam a escala regional, contribuindo para a manutenção da biodiversidade e do clima global. Apoiar essas comunidades é fundamental para garantir a conservação a longo prazo e reconhecer o papel central que os povos da floresta desempenham neste bioma”, afirma a pesquisadora.
O estudo também destaca o impacto social dessa atuação. Segundo o orientador João Vitor Campos-Silva, cerca de seis milhões de pessoas na Amazônia brasileira dependem diretamente da natureza. “Incluir os moradores locais nas práticas de conservação, além de aumentar a eficácia dos resultados, fortalece o bem-estar das comunidades”, reforça.
A pesquisa teve participação de pesquisadores do Instituto Juruá, da University of East Anglia (Reino Unido), da Indiana University (EUA), da Associação dos Moradores Agroextrativistas do Baixo Médio Juruá (AMAB), do Memorial Chico Mendes e do Serviço Florestal dos Estados Unidos (US Forest Service).
Excelência científica e impactos futuros
O trabalho evidencia a qualidade das pesquisas desenvolvidas na Ufal e o papel da universidade na formação de profissionais qualificados que contribuem para o avanço científico do Brasil e fortalecem sua presença internacional.
“Este estudo mostra a capacidade da Ufal de formar doutores que desenvolvem ciência de excelência. Ver um trabalho conduzido aqui em Alagoas ganhar espaço em uma das revistas científicas mais prestigiadas do mundo é motivo de enorme orgulho e reforça a relevância internacional da ciência feita na nossa Universidade,” destaca a professora Ana Malhado, do Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde (ICBS) e coorientadora da pesquisa.
A expectativa é que os resultados influenciem políticas públicas. Para Ana Carla, é importante que governos entendam que conservar a floresta com as comunidades é economicamente vantajoso e essencial para o sucesso das políticas ambientais. Ela destaca ainda que Pagamentos por Serviços Ambientais (PSA) são uma alternativa promissora para reconhecer e remunerar os responsáveis por proteger ecossistemas amazônicos.
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*com Assessoria