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Axé, atabaques e resistência: a abertura histórica da Bienal do Livro em Maceió

Fotos: Renner Boldiro e Jônatas Medeiros – fotógrafos

Os atabaques ecoaram alto, as vozes entoaram cantos ancestrais e as cores do público se misturaram ao branco do povo de axé. Foi assim que o Afoxé Odô Ya abriu os caminhos para Exú, senhor da comunicação, no cortejo que marcou oficialmente a abertura da 11ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas 2025.

Os corredores e escadas do Centro de Convenções Ruth Cardoso, no bairro do Jaraguá, ficaram lotados. Muita gente tentou acompanhar cada passo do cortejo de perto; outros, literalmente, se juntaram ao desfile, seguindo o grupo do início ao fim. Quem preferiu assistir de longe também não perdeu o momento: celulares erguidos formaram um segundo cortejo, registrando a energia do povo de axé.

A diversidade foi elemento central da celebração. Para a trancista e dreadmaker Analu, a abertura foi simbólica: “É muito importante uma abertura como essa, acho bem representativo, tá entendendo? Ver corpos iguais a gente mostrando o seu rolê e muito axé. Tá sendo chique”, afirmou.

Expositores também acompanharam a passagem do cortejo em frente aos estandes. Entre eles, a bibliotecária e funcionária do Arquivo Público de Alagoas, Lais de Oliveira, que descreveu a sensação. “Através da dança, acessamos a liberdade, a alegria. É como se lavasse tudo de ruim, tirasse as preocupações, varresse as mazelas. Para essa Bienal, o sentimento é esse: força, energia, renovação. É, de fato, uma abertura de caminhos”.

O encontro reuniu gerações: idosos, jovens, crianças e até quem pisava em uma Bienal pela primeira vez. Foi o caso da estudante Raissa Gomes, que se impressionou com o cortejo: “Quando começaram a tocar foi maravilhoso. As roupas, as músicas, o clima da Bienal… tudo muito lindo”.

Para a jornalista e Iyawo do terreiro Axé Pratagy, Thauane Rodrigues, participar da abertura teve um significado ainda mais profundo.

“Não tinha como ser de outra forma. Foi muito simbólico. Abrir a Bienal cantando para Exú em um espaço que fala sobre educação, cantando para o senhor da comunicação, é essencial. Levar as falas do povo de terreiro para dentro desses espaços é muito importante”.

*com Assessoria

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