Foto: Renner Boldrino
Você já pensou em como seria sua vida se tivesse tomado uma decisão no lugar de outra? Sair mais cedo, pegar um ônibus ao invés de um transporte por aplicativo, tomar um suco ao invés de um copo de água… Essas parecem escolhas simples que podemos tomar no cotidiano, mas mudanças acabam fazendo parte da nossa vida em qualquer fase dela: da infância à fase adulta.
Foi com base nessa situação que Sururé: Abraçando Mudanças ganhou vida pelas palavras da escritora Lany Silva que lançou seu mais novo livro na Praça de Autógrafos Dandara da 11ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas na tarde da última quarta-feira (5) com a presença de familiares, amigos e colegas de trabalho. Segundo ela, o livro integra uma espécie de coletânea onde Sururé será sempre o personagem principal.
“Este é o meu segundo livro. Eu tentei dar uma continuidade da trama do primeiro [Sururé: A Amizade Faz Bem, também lançado na Bienal, mas em 2019]. Mas quem lê este não depende da primeira trama para entender a história, pois elas são independentes. Eu pretendo fazer uma coletânea, por isso, os personagens são os mesmos e com adicional de algum a mais”, explicou Lany.
O texto, segundo ela, por mais que trate de temas consideravelmente delicados, passa por revisão de uma profissional da Psicologia.
“É uma história leve, lúdica, porém, com assuntos importantes que trabalham o socioemocional das crianças – ele é um livro infantil, com classificação livre. Mas todos os meus livros são revisados por uma psicóloga e eu acho relevante passar por isso pelo fato de alguns temas serem delicados. Assim, eu me sinto mais segura quando passa por essa revisão”, disse Lany.
A escritora compreende que falar de mudanças pode, sim, ser delicado, mas entende que o movimento também é necessário. “Eu escolhi falar de mudanças que eu acho que é difícil falar com crianças sobre isso… Elas mudam de escola, de lar, e em meio a isso, esse livro fala [também] sobre ciúme, que é um assunto visto como birra, infelizmente, pelos adultos, e sobre a importância de se fazer escolhas”, refletiu.
Superação por meio da literatura
Perguntada sobre qual a sensação de lançar mais uma edição da saga de Sururé no maior evento cultural e literário do estado, Lany foi categórica: “É uma sensação de missão cumprida porque o projeto está continuando. Dar continuidade a esse projeto é… [neste momento ela se emociona, pede um tempo, mas logo prossegue] Dizer pra mim que enquanto há vida, há esperança e que nada é impossível para Deus”, disse ela, com a voz embargada.
Lany ainda classificou em uma palavra como é para ela estar próximo de leitores: inexplicável. “A sensação de estar perto do leitor é inexplicável. Seja na Bienal do Livro, nas escolas, ou em qualquer outro evento cultural, sempre vão haver emoções e sentimentos envolvidos… Existem muitas crianças carentes e você saber que pode fazer algo por elas por meio da leitura é algo que enriquece o ser humano”, refletiu, emocionada.
O dom da escrita
A escritora disse ainda que o produzir mostrou a ela mesmo uma capacidade que não acreditava ter: o dom da escrita. E mais: cravou que cumpriu uma missão.
“Eu não enxergava que pudesse escrever um livro, falar de temas importantes… Não sabia e não usava desse meu talento, sabe? Depois da pandemia eu estou me descobrindo e eu fiz transição de carreira e com isso eu… [neste momento, ela volta a se emocionar numa breve pausa e continua] Eu falei a mim mesmo que eu sou capaz. Sei que o medo faz parte, mas que nós podemos mudar a nossa história”, celebrou.
E foi com base nesta afirmação que Lany Silva adiantou: a saga de Sururé não para por aí. “E já existe a ideia de um terceiro livro que vai falar sobre o meio ambiente. e espero que seja lançado na próxima Bienal”, contou, Lany, entusiasmada.
Abraçando mudanças na ficção e na realidade
Segundo a autora, o subtítulo do livro surgiu após uma situação vivenciada por ela e por seu filho, ou seja, uma mescla da ficção com a realidade por meio da literatura.
“Abraçando mudanças porque o meu filho passou por elas e como mãe eu senti na pele como é difícil para as crianças passarem por isso. Então, o livro vem para ajudar os adultos a falar com as crianças sobre temas como ciúme, recomeço e escolhas de uma forma mais leve e natural”, refletiu Lany.
E o seu filho, por sinal, participou ativamente do livro na parte das ilustrações. “Foi a primeira vez que fizemos isso, feita com o meu filho e a experiência foi maravilhosa, enriquecedora. Ele me ajudou muito e todo esse projeto só existe por causa do meu filho”, disse ela, emocionada, agradecendo a ele e a toda sua rede de apoio pelo incentivo, que lhe serve de força para continuar. “Aos leitores, a minha família, pois eles estão me apoiando desde o início, da concepção da ideia até hoje”, disse.
E ela continuou: “Eu era muito insegura quando fiz o primeiro livro, mandava para os amigos lerem com os filhos, e queria o feedback e… sempre vinha um retorno bom. Foi esse retorno que me fez seguir. E entraram as escolas, que adotaram o livro como paradidático, peça teatral, eventos culturais”, concluiu Lany Silva.
Além de Lany, outros autores também lançaram seus livros na Praça de Autógrafos Dandara na tarde desta quarta.
Os títulos foram: Eu venho lá do Sertão e posso não lhe agradar, de Yasmin Evangelista (autora) e Amanda Alves (organizadora); Todas as faces do lençol, de Milena Testa; Dois Sonhos: Primeiro Sonho, de Pedro Neto; Pelas ruas que andei: memórias do centro da minha cidade, de Ana Karla Ferreira; Estou envelhecendo e agora? Por uma velhice melhor, de Val Freitas e Revista Cultural Artpoesia, de José da Boa Morte.
*Com Assessoria