Você sabia que ainda existem expressões racistas sendo usadas todos os dias? Dessa forma, você pode estar reproduzindo racismo sem perceber, apenas pela forma como fala. A princípio, muitas expressões do português nasceram em contextos de escravidão, colonialismo ou estigmatização da população negra. No entanto, o problema é que continuam sendo usadas até hoje, reforçando ideias racistas de forma “suti” e cotidiana.
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Por isso, neste guia direto e prático, você vai entender:
- O que são expressões racistas?
- Quais são as 14 expressões racistas mais comuns
- Por que elas são problemáticas
- Como substituir cada uma delas no seu dia a dia
O que são expressões racistas no cotidiano?
Primeiramente, as expressões racistas são aquelas que, mesmo de forma sutil, reproduzem ideias discriminatórias, ofendem ou reforçam a exclusão de pessoas negras.
Elas estão tão naturalizadas na língua portuguesa que, muitas vezes, usamos sem pensar — mas isso não isenta o impacto.
Por que rever o vocabulário?
Porque linguagem é poder. O que dizemos molda comportamentos, relações e, principalmente, o que consideramos “normal”. Antes de tudo, expressões racistas perpetuam desigualdades, mesmo quando ditas “sem intenção”. Sobretudo, as informações são da cartilha “Vamos repensar o nosso vocabulário? O Racismo Sutil”, do Programa de Diversidade do Sistema Fecomércio-RS/Sesc/Senac.
1. A coisa tá preta
Em primeiro lugar, a expressão que associa o “preto” ao que é ruim: situação difícil, perigosa ou negativa.
Substitua por: a coisa tá feia / complicada / difícil.
2. Cor de pele
Usada para se referir ao tom de pele branco-rosado, ignora a diversidade racial da sociedade brasileira.
Diga: rosa-claro, bege, marfim, etc.
3. Cor do pecado
Termo que erotiza e estigmatiza mulheres negras, assim, a pele negra é associada ao “pecado”.
Evite completamente.
4. Criado-mudo
Nome do móvel que faz referência a escravizados que não podiam falar.
Diga: mesa de cabeceira.
5. Denegrir
Significa literalmente “tornar negro” e é usado para ofender, atacar reputações.
Use: difamar, manchar, caluniar.
6. Doméstica
Ligada à ideia de mulheres negras “domesticadas”.
Prefira: empregada, funcionária, colaboradora.
7. Humor negro
Associa o termo “negro” ao que é sombrio, mórbido, de mau gosto.
Diga: humor ácido, humor sombrio.
8. Inveja branca
Cria uma oposição entre “branco = bom” e “negro = ruim”.
Use apenas: inveja.
9. Lista negra
Mais uma associação do “negro” ao que deve ser evitado, punido ou excluído.
Substitua por: lista restrita, lista de bloqueio.
10. Mercado negro
Refere-se ao comércio ilegal. A cor não tem relação com o conceito.
Use: mercado clandestino.
11. Moreno(a), mulato(a)
Amenizam a identidade racial negra, como se “branco” fosse elogio. Assim, prefira perguntar: como você prefere ser identificado(a)?
12. Não sou tuas negas
Expressão extremamente ofensiva que rebaixa e objetifica mulheres negras.
Nunca use.
13. Nega maluca
Nome de bolo que carrega uma história racista e estereotipada. Desse modo, chame de: bolo de chocolate.
14. Nhaca
Originada de “Inhaca”, uma ilha africana, usada para descrever cheiro ruim de forma pejorativa. Portanto, use: cheiro forte, cheiro desagradável.
Como mudar o vocabulário racista?
- Reflita antes de repetir frases prontas.
- Aprenda a origem das palavras.
- Substitua por termos neutros e respeitosos.
- Converse com colegas e amigos sobre o assunto.
- Adote uma linguagem inclusiva no trabalho e na vida pessoal.
Falar é um ato político
Dessa forma, ao tirar expressões racistas do seu vocabulário, você rompe com padrões históricos de exclusão. Afinal, não é sobre “mimimi”, é sobre respeito, consciência e transformação.
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Em conclusão, vamos repensar o nosso vocabulário? O racismo “sutil” também fere.