Durante o velório de Iara Vicente da Silva, de 28 anos, e da filha Hillary Janiele, de 1 ano e 11 meses, realizado nesta segunda-feira (26) no Cemitério Campo Santo Parque das Flores, em Maceió, a irmã de Iara, Mayane Pereira, falou com a imprensa pela primeira vez. Abalada, ela pediu justiça pelo assassinato das duas, mortas no domingo (25) no bairro Tabuleiro do Martins. O crime foi cometido pelo companheiro de Iara, Ivaldo dos Santos Felizardo, de 35 anos.
Segundo Mayane, o relacionamento entre Iara e o companheiro aparentava ser tranquilo. Ela contou que ele demonstrava carinho pela menina e chegava a mimá-la. “Pegava ela pelo braço, fazia as vontades dela”, disse. Hillary, ainda com pouco mais de um ano, já o chamava de pai. “Ela era muito inocente, muito doce. Ainda estava aprendendo a falar. Qualquer pessoa que pegasse ela, ela chamava de mamãe ou papai”, lembrou a irmã, em entrevista à Gazeta News.
Durante o velório, Mayane também descreveu o momento em que encontrou os corpos e reforçou o pedido por justiça. Ela contou que, ao entrar na casa, a cena era devastadora. “Parecia um filme de terror. Eu não conseguia acreditar naquilo”, disse. Segundo ela, a irmã foi atingida com facadas no pescoço, e a sobrinha também apresentava perfurações na mesma região. “Foi muita brutalidade”, desabafou.
Ela acredita que o crime foi premeditado. Disse que a irmã provavelmente estava dormindo e foi pega de surpresa, sem chance de se defender. “Ainda tentou, mas a gente sabe que um homem tem mais força que uma mulher.” Para Mayane, não houve surto. “Isso não entra na minha cabeça. Porque, se foi um surto, por que ele não deixou minha sobrinha viva? Ela não era nada dele. Então por que matou as duas?”
Ela lamenta profundamente a perda da irmã e da sobrinha, e diz que uma parte dela ficou no cemitério. “Ele destruiu a vida da minha família. A minha única irmã mais velha. A minha única sobrinha viva. Ele arrancou isso de mim”, afirmou. Mayane contou ainda que a menina faria dois anos no mês seguinte. “E eu não vou poder dar um presente pra ela.”
O caso
Iara e Hillary foram encontradas mortas dentro da casa onde viviam com o suspeito. A criança estava no sofá e a mãe, sobre a cama. Ambas apresentavam ferimentos provocados por objeto perfurocortante. De acordo com a perícia, Hillary foi atingida no pescoço, enquanto Iara teve oito perfurações na região do pescoço e da cabeça, além de sinais de defesa na mão direita.
O suspeito foi localizado pela polícia em uma região de grota conhecida como Pau D’Arco, no mesmo dia do crime. No imóvel onde o caso ocorreu, foram apreendidas duas facas, uma tesoura e uma chave de fenda com vestígios de sangue, além de R$ 29 e a certidão de nascimento do investigado. A porta estava trancada por dentro quando os corpos foram encontrados por uma irmã de Iara.
A Polícia Civil confirmou que o homem tem antecedentes por lesão corporal dolosa e ameaça, ambos relacionados à violência doméstica. Imagens de câmeras de segurança próximas ao local estão sendo analisadas para identificar a rota de fuga e reconstruir a dinâmica dos fatos.
O caso segue sendo investigado pela Unidade de Atendimento ao Local de Crime (UALC) da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), sob coordenação do delegado Emanuel Rodrigues. O suspeito permanece sob custódia da Polícia Civil e está à disposição da Justiça.