Colabore com o Eufemea
Advertisement
Ex-companheiro é condenado a 27 anos de prisão pelo feminicídio da farmacêutica Marcelle Bulhões em Maceió

Acusado de matar Marcelle Bulhões a pedradas é condenado a 27 anos de prisão por feminicídio

Foto: MP/AL

Cícero Messias da Silva foi condenado pelo Tribunal do Júri a 27 anos e um mês de prisão em regime fechado pelo assassinato de Marcelle Bulhões, morta a pedradas no dia 8 de março de 2023, em Maceió. O crime, ocorrido no Dia Internacional da Mulher, foi julgado nesta segunda-feira (29), e o réu foi considerado culpado por homicídio triplamente qualificado por motivo torpe, uso de meio que impossibilitou a defesa da vítima e feminicídio.

Leia mais: Solidária, engajada, mãe: julgamento do feminicídio de Marcelle Bulhões começa com forte comoção

Segundo o Ministério Público de Alagoas (MPAL), Cícero espancou a vítima e a matou a pedradas após invadir sua residência e ameaçá-la por não aceitar o fim do relacionamento. Durante o julgamento, a Promotoria e a assistência de acusação destacaram que Marcelle já havia denunciado o agressor e vinha sendo ameaçada.

A defesa tentou descaracterizar o crime como feminicídio, alegando ausência de premeditação e argumentando que o homicídio teria ocorrido por impulso. Também tentou desqualificar a vítima, atribuindo a ela comportamentos agressivos e minimizando o contexto de violência de gênero. Parte das alegações causou incômodo entre os presentes, incluindo familiares da vítima e membros do tribunal.

“Não houve feminicídio, o que ocorreu foi um homicídio simples, não foi premeditado, o que aconteceu foi por um acaso, ele perdeu a cabeça e fez essa ‘besteira’. Então quer dizer que o cara foi lá pra estuprar a mulher e não deu certo dentro de casa, ele a levou para terminar do lado de fora?”, disse a defesa.

Veja também: Com júri 100% masculino, defesa critica a Lei Maria da Penha e alega que acusado “perdeu a cabeça” ao matar Marcelle

Na réplica, o promotor de Justiça Tácito Yuri e a advogada de acusação Candice Melo reforçaram que havia provas de ameaças anteriores, negaram que o réu tivesse sido agredido e afirmaram que Marcelle não teve chance de defesa. Eles também rebateram as tentativas da defesa de atribuir sofrimento ao réu como atenuante, enfatizando que a vítima foi a única privada permanentemente de seus direitos.

Durante o julgamento, o filho de Marcelle, Matheus, emocionado, relatou as ameaças feitas por Cícero à mãe. Ao final da sessão, a juíza Juliana Baptistela interveio diante de falas ofensivas da defesa, pedindo respeito às mulheres e aos familiares presentes.

A sentença foi proferida com a aceitação das três qualificadoras, e a pena deverá ser cumprida em regime fechado. O Ministério Público considerou a condenação um reconhecimento da gravidade do crime e uma resposta firme à violência contra a mulher.