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Medo e importunação sexual: Maceió tem “apagão” de dados sobre crime contra mulheres dentro de ônibus

Foto principal: Maciel Rufino

O ano era 2018 e a produtora de moda Andreza das Neves Ferro, de 28 anos, pegou um ônibus para ir trabalhar na parte alta de Maceió. Ela não contava que passaria por um caso de importunação sexual dentro do coletivo. Ela disse ao Eufemea que estava sentada tranquila em um assento quando sentiu um sussurro perto do ouvido.

No início, ela não entendeu o que estava acontecendo, mas depois os sussurros se repetiram. Ela olhou para trás e percebeu que tinha um idoso. Incomodada, Andreza resolveu mudar de cadeira e sentou em outro local.

Não satisfeito, o homem foi atrás dela. Segundo Andreza, ele iniciou uma “movimentação rápida com as mãos, como se estivesse se masturbando”. 

Notando que estava acontecendo algo errado, a produtora de moda ficou em pé, próxima ao cobrador.

O idoso então levantou e sentou perto da supervisora de Andreza, que também estava no ônibus. Foi quando o cobrador percebeu uma movimentação diferente e perguntou a Andreza o que estava ocorrendo.

“Eu falei para ele que o homem estava sussurrando no meu ouvido e fazendo movimentos com as mãos. Também contei que achava que ele estava importunando a minha supervisora”, contou.

Imediatamente, o cobrador pediu que o motorista parasse o ônibus e falou em voz alta que o homem estava importunando a gente. O idoso foi retirado do ônibus, e o cobrador sugeriu chamar a polícia. Porém, os passageiros não quiseram, alegando que não podiam esperar o ônibus parado.

O que aconteceu com Andreza gerou medo e preocupação se as pessoas acreditariam nela, principalmente o motorista e o cobrador. 

Foto: Eufemea

Ela ressalta que a conduta do cobrador trouxe segurança para ela. “Ele levantou e falou que, sempre que acontecer algo com uma mulher, ela deve avisar para que se tome providência”.

Mesmo vivenciando esse caso e outros casos de importunação, Andreza não registrou um boletim de ocorrência. “Não fiz porque eu estava numa correria e percebi que ia acabar dando em nada. Também não denunciei nos outros casos que sofri”.

Importunação é crime

Uma pesquisa realizada pelo Instituto Patrícia Galvão apontou que oito em cada dez mulheres já sofreram alguma situação de violência durante deslocamentos urbanos. O estudo apontou também que as mulheres são as mais vulneráveis em transporte públicos.

A importunação sexual é crime. A advogada criminalista e ouvidora da Associação Nacional da Advocacia Criminal em Alagoas (Anacrim-AL),  Marluce Oliveira, explicou que a importunação sexual é um crime enquadrado nos crimes de violência contra a liberdade sexual.

Foto: Cortesia ao Eufemea. Na foto, advogada Marluce Oliveira.

Segundo a advogada, o crime está no ato de “praticar contra alguém e sem a sua anuência ato libidinoso com o objetivo de satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro.” A pena pode ser de 1 a 5 anos de reclusão.

O caso mais comum é o assédio sofrido por mulheres em meios de transporte coletivo, mas também enquadra ações como beijos forçados ou passar a mão no corpo alheio sem permissão. 

Fuga do ônibus

A administradora Ana Reis, de 28 anos, conta que parou de andar de ônibus porque perdeu as contas de quantas vezes sofreu importunação sexual.

“É muito triste. Não conheço uma mulher que nunca tenha sofrido um caso de importunação. Passei por tantos que não sei qual foi o pior”, relatou.

Ana Reis, vítima de importunação

Ana diz que, em um dos casos, as pessoas que estavam perto não ajudaram. “O ônibus estava cheio, e um cara começou a encostar em mim. Fiquei incomodada e mandei ele se afastar, mas ele não se afastou. Sentia que ele estava excitado e tinha vontade de chorar. Eu olhava para as pessoas e elas viam, mas não faziam nada”, lembrou.

Após alguns minutos, Ana desceu do coletivo. “Desci chorando. Com vergonha e nojo. Não fiz o boletim de ocorrência porque ninguém ia identificar esse homem e eu só teria mais raiva ainda… Não denunciei”.

Denúncia de passageiros
Foto: Divulgação

Alguns casos ganharam repercussão após terem sido denunciados. Um deles envolveu uma mulher que estava dentro de um coletivo da Real Alagoas, e um homem foi preso em flagrante após “se esfregar” nela. 

Conforme a polícia, o motorista solicitou a presença da Polícia Militar após ter sido alertado pelos usuários do transporte coletivo. A mulher de 20 anos contou que o passageiro se masturbou e ejaculou na sua roupa; além disso, portava uma faca para intimidá-la. Ele foi preso em flagrante, e a arma foi apreendida.

Outro caso aconteceu no dia 9 de janeiro de 2019, quando um homem identificado como Luiz Carlos começou a se masturbar, olhando fixamente para duas mulheres.

Ele estava em um ônibus que fazia a linha Benedito Bentes/Ponta Verde, via Gruta. Luiz foi preso pela polícia e levado para o manicômio judiciário para receber tratamento.

Subnotificação na capital

Ana e Andreza não denunciaram os casos, mas elas não são as únicas. Por medo, constrangimento ou pelo simples pensamento de “que não dará em nada”, muitas vítimas deixam o caso passar.

E como buscar soluções para um problema que sempre existiu, mas que não existem dados oficiais da Secretaria de Segurança Pública? 

A SSP (Secretaria de Segurança Pública) diz não ter dados sobre os casos de importunação e que esse ‘apagão’ pode ser devido a falta de denúncias das mulheres ou porque a própria SSP, através do Núcleo de Estatística e Análise Criminal (Neac), não compila os dados.

A SSP informou que, caso haja algum caso em um coletivo, o número 181 pode ser acionado para passar informações. O órgão também reforçou que é necessário que as mulheres denunciem.

A pasta também afirmou que realiza ações dentro dos ônibus e, caso alguma mulher se sinta ameaçada por algum suspeito que esteja dentro do coletivo, ela pode relatar o caso aos policiais que abordarem o transporte.

(Veja abaixo as principais diferenças entre importunação e assédio)

Foto: Eufemea
“Vítimas não levam denúncias adiante”

É difícil não encontrar uma mulher que não tenha uma história para contar sobre algum tipo de importunação que sofreu dentro do coletivo. Na prática, não há um monitoramento ou sistema efetivo que permita às vítimas denunciarem as situações.

A advogada e presidente da Associação Para Mulheres (AME), Júlia Nunes, disse que a associação já recebeu várias denúncias de importunação sexual, mas que as vítimas preferem não levar adiante.

Júlia Nunes, advogada

“Infelizmente elas não denunciam por achar que não vai dar em nada ou por medo de serem identificadas pelo agressor”, explicou Júlia.

Ela também lembrou um sentimento que toda mulher tem em um coletivo. “Independente do horário elas são importunadas. A população vê, o cobrador identifica a ocorrência, mas quase sempre nada é feito”, diz.

Instituições precisam funcionar

Para a advogada Anne Caroline Fidelis, a segurança não passa apenas pela punição, mas por uma conscientização coletiva de que os corpos das mulheres não podem ser utilizados como instrumentos de prazer alheio.

Confira um trecho da entrevista com Anne Caroline abaixo:

Entretanto, Anne afirma que percebe que a cada dia tem havido uma preocupação maior das instituições no sentido de combater o crime: seja através de campanhas ou de políticas públicas.

“Mas é preciso que as instituições funcionem porque não adianta falarmos sobre as denúncias se as instituições não funcionarem no pós-denúncia. Tanto as instituições da Segurança Pública como também o sistema de Justiça”, afirmou Anne.

Foto: Cortesia. Na foto, advogada Anne Caroline;

A advogada diz ainda que seria fundamental que existisse um anuário ou boletim mensal para ser utilizado como um parâmetro para políticas públicas.

“Existe uma subnotificação tremenda porque não existe a denúncia, mas é importante que tenhamos os dados para que elas forneçam diretrizes para políticas públicas com o objetivo de garantir a segurança das mulheres”.

Motoristas e cobradores passam por treinamento

Para combater os casos de importunação dentro dos coletivos, algumas medidas são tomadas. Uma delas é um curso de qualificação que os rodoviários passam para prevenção ao assédio por meio de uma parceria do Sindicato das Empresas de Transporte Urbano de Maceió (Sinturb) com o Sest Senat, desde 2019.

A técnica de formação profissional do Sest Senat, Yanna Crysley, explica que o curso é ministrado anualmente e que os motoristas e cobradores já vivenciam na prática isso. “Nós oferecemos a teoria, e eles têm a prática. E em cima dela, vamos construindo a conscientização e dando a importância do assunto”.

Os motoristas e cobradores são orientados que, caso presenciem algum caso de importunação, tomem medidas. “No ano de 2019, 700 trabalhadores de transporte foram capacitados”, informou Yanna.

Além da capacitação, outra medida que o Sinturb adotou são as campanhas, como a “Assediador, o ônibus não tem lugar para você”, realizada este ano. 

Para o Sinturb, é importante que a mensagem esteja clara e visível nos ônibus, com o intuito de tentar coibir essa prática, bem como de conscientizar a todos sobre a importância de denunciar esses crimes. 

Foto: Sinturb

O sindicato acredita que pela repercussão na mídia, as denúncias estão se tornando cada vez mais frequentes. Por meio de nota, o Sinturb disse que muitas vezes, as vítimas sentem vergonha e medo de registrar queixas, mas que vendo campanhas como essas,  mostram que elas não estão sozinhas, e que é necessário denunciar.

O presidente do Sinturb, Guilherme Borges disse que a ideia é conscientizar a população sobre o crime. 

“Queremos que o transporte coletivo seja um lugar seguro para todos, pois é um serviço essencial para o pleno funcionamento da sociedade. Com a campanha, queremos mostrar que esse tipo de comportamento não tem espaço nos ônibus”, concluiu.

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“Uma vida foi interrompida por negligência”, diz tia de mulher que morreu após parto em maternidade de Maceió

Foto principal: Cortesia

A família da auxiliar de cozinha Mayara Sthefanny da Costa Nascimento, de 25 anos, que morreu na última quinta-feira (21), após um parto, fez um boletim de ocorrência contra a Maternidade Nossa Senhora de Fátima, em Maceió. A família acusa a equipe médica da maternidade de negligência. Ao Eufemea, a tia de Mayara, Mineia Oliveira disse que a família está ‘indignada com tamanha crueldade’ e que “uma vida foi interrompida por negligência”.

Entenda o caso

Mayara estava na terceira gestação, que era considerada sadia. “Na última ultrassom, no dia 18 de outubro, vimos que o bebê estava em sofrimento porque ele se encontrava laçado e sem espaço por conta do tamanho”, disse a tia de Mayara.

No mesmo dia, Mayara e o esposo procuraram a Maternidade Nossa Senhora de Fátima. Lá, a equipe comunicou que ela estava com dois centímetros de dilatação e que o parto aconteceria dias depois.

Mais tarde, Mayara apresentou sangramento e retornou à maternidade. Segundo o esposo da vítima, José Wellison, não fizeram o exame do toque nela e disseram que o sangramento era normal.

Mas o casal decidiu ir à Maternidade Nossa Senhora da Guia. Lá, foi feito o exame e constatado que a dilatação era a mesma. O casal voltou para a casa.

No dia 20 de outubro, a bolsa estourou e Mayara foi internada para que fosse iniciado o parto normal. Com dor, Mayara foi levada à noite ao centro cirúrgico para que o parto ocorresse.

Entretanto, a auxiliar de cozinha foi para a UTI da Maternidade Santa Mônica com quadro grave de hemorragia intrauterina. Ela teve parada cardiorrespiratória e precisou de ventilação mecânica. No dia 21, por volta das 11h, ela faleceu.

Foto: Cortesia.

“Nós ficamos nos perguntando porque eles insistiram tanto em um parto normal mesmo a gestante sem passagem e com encaminhamento de que ela não poderia esperar. O que eles ganham com isso?”, questionou Mineia.

Bebê foi para a UTI

O bebê nasceu, mas está internado na UTI Neonatal do Hospital Veredas, por ter ingerido mecônio (as fezes do recém-nascido). Ele está entubado no hospital e o estado de saúde é considerado grave. 

“Ele está entregue nas mãos de Deus. Não está apresentando uma melhora. Aconteceu uma grande negligência. O parto dela deveria ter sido com urgência, mas eles não deram valor”, explicou Mineia.

Por isso, além de fazer o boletim de ocorrência, a família vai denunciar o caso ao Conselho de Medicina e dar entrada na Defensoria Pública.

Outros casos

Após o caso de Mayara ganhar repercussão, outros casos vieram à tona. Um deles é de uma jovem e o filho que estão internados em estado grave, após, segundo familiares, “uma cesariana desastrosa” na unidade hospitalar. 

“A tragédia do caso da minha sobrinha fez com que outros casos surgissem. Foram tantos casos abafados e foi necessário acontecer essa tragédia para que outras situações aparecessem”, concluiu Mineia.

A maternidade

Em nota, a maternidade informou que uma equipe técnica está averiguando detalhes dos fatos narrados. Ela também garantiu que, neste caso específico, todos os protocolos preconizados pelo Ministério da Saúde (MS) para a assistência materno-infantil foram seguidos.

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MP apura denúncia de servidora fantasma do TCE que recebe salários há mais de 10 anos

Foto: Ascom TCE

O Ministério Público Estadual instaurou um procedimento preparatório para apurar uma denúncia de que uma servidora do Tribunal de Contas do Estado de Alagoas (TCE) não presta um dia de serviço há mais de 10 anos, mesmo recebendo regularmente.

A portaria foi assinada pela 20ª Promotora de Justiça da capital, Gilcele Dâmaso de Almeida Lima e publicada no Diário Oficial do MP nesta quarta-feira (27).

Segundo a portaria, o MP recebeu uma denúncia relatando que a servidora do TCE não presta “labor no órgão há mais de 10 anos”.

Na portaria também consta que houve ausência de resposta por parte da servidora denunciada bem como do Gabinete em que a mesma encontra-se lotada no TCE.

Por causa da denúncia, o MP converteu a notícia de fato em procedimento preparatório e vai apurar a existência da servidora fantasma no âmbito do TCE, o que pode acarretar na instauração de inquérito civil ou na propositura de ação civil pública, caso o fato constitua ilícito civil. 

Na hipótese de não ser constatada nenhuma irregularidade, o feito poderá ser arquivado. 

O Eufemea aguarda posicionamento do TCE.

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Estilo de vida Interna Notícias

“Estamos vendo um aumento de casos de câncer de mama em estágio avançado”, alerta mastologista

Uma pesquisa divulgada pelo Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria), a pedido da farmacêutica Pfizer, mostrou que 47% das mulheres deixaram de frequentar ginecologista ou mastologista durante a pandemia. Mas isso pode gerar graves consequências para as mulheres.

A mastologista e presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), Lígia Teixeira, conversou com o Eufemea sobre o diagnóstico precoce, os sinais do câncer de mama e o aumento de casos em estágios mais avançados.

Segundo a mastologista, deixar de ir ao médico pode significar menor chance de diagnóstico precoce e consequentemente menor chance de cura.

Ela reforçou que é preciso que as mulheres façam o autoexame e fiquem atentas aos sinais. “Nódulo  palpável, alteração na cor da pele, retração da pele, ferida no mamilo,  saída de líquido claro ou sangue pelo mamilo”, citou.

O período ideal para fazer o autoexame é de três a cinco dias após o término da menstruação. 

Com isso, caso seja identificado algo na mama da mulher, ela deverá procurar imediatamente um especialista. Segundo a médica, essa procura é importante porque “o diagnóstico precoce permite que o tratamento seja menos agressivo”. E destacou que quando a doença é descoberta no início, as chances de cura chegam a 90%. 

Com a pandemia, muitas mulheres não realizaram a mamografia. Por causa disso, a mastologista disse que é perceptível o aumento no número de casos de câncer de mama em estágios mais avançados.

“A recomendação atual é de que todas as mulheres retornem aos seus exames e consultas de rotina”, concluiu a especialista.

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Destaque titulo

Mamografias gratuitas são ofertadas para mulheres em Maceió; veja como agendar

 Foto: Divulgação

A partir desta quinta-feira (27), o Sesc Alagoas vai realizar 315 mamografias gratuitas na Unidade Móvel Saúde Mulher em Maceió. O agendamento deverá ser feito na unidade do Sesc Poço.

As interessadas devem comparecer ao Sesc até quinta-feira (28), das 9h às 11h30 e das 13h30 às 16h, com cópias do RG, CPF, comprovante de residência e cartão SUS.

Mulheres com idades entre 50 e 69 anos não precisam de solicitação médica para o agendamento da mamografia. Já quem não faz parte dessa faixa etária precisa apresentar o encaminhamento médico.

Os exames serão realizados a partir do dia 8 de novembro, de segunda a quarta. O prazo para a entrega do resultado é de 15 dias úteis, o laudo é impresso e as imagens são entregues em mídia digital.

Mais informações: 2123-2439.

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Inspiradoras Interna Notícias

Alagoana está entre as 10 finalistas de reality show do Porta dos Fundos; saiba quem é

A alagoana Maria Clara Tenório, mais conhecida como Macla, está entre as 10 finalistas de um reality show original do Porta dos Fundos, que vai selecionar um novo integrante para o elenco.

O Porta dos Fundos é uma produtora de vídeos e um dos maiores canais de comédia do Youtube.

Originalmente o elenco era composto por Antonio TabetClarice FalcãoFábio PorchatGregório DuvivierGabriel TotoroJoão Vicente de CastroJúlia RabelloLetícia LimaLuis LobiancoMarcos VerasMarcus Majella e Rafael Infante.

Ao todo, foram mais de 7 mil inscritos e Macla conseguiu ficar entre as 10 finalistas.

O “Futuro Ex-Porta” começa no dia 30 deste mês. Cada sábado com um episódio que vai ao ar às 11h. 

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Eu, Fêmea Interna Notícias

Será que só a loja Zara tem um código para alertar entrada de negros?

Foto: Divulgação/Shopping Iguatemi

A Polícia Civil do Ceará revelou esta semana que a loja Zara, em Fortaleza, criou um código secreto para alertar a entrada de pessoas negras ou com “roupas simples”. O caso ganhou grande repercussão na mídia e gerou indignação.

Para quem não sabe, isso aconteceu com a delegada Ana Paula Barroso –que é negra, e estava com a máscara abaixada tomando sorvete e foi impedida de entrar na loja pelo gerente. Isso ocorreu no dia 14 de setembro.  Nesse mesmo dia, várias pessoas brancas estavam sem máscara no estabelecimento. O gerente foi indiciado pelo crime de racismo.

Por meio do código “Zara Zerou”, os funcionários eram orientados a seguir os clientes dentro dos critérios segregadores da loja.

O que aconteceu com a delegada não é um caso isolado. Quase sempre vejo relatos de pessoas negras que estão dentro de supermercados, estabelecimentos, restaurantes, e que são ‘educadamente’ abordados.

Na semana passada, uma moça que mora em Maceió disse que foi em um supermercado na parte baixa da capital, considerado de ‘luxo’ e que o segurança ficou fazendo ‘rondas’ olhando para ela. A moça é negra.

Na mesma semana também vi o relato de uma mulher que estava em um shopping e que o segurança também ficou fazendo rondas, perguntando se estava tudo bem. Não, não está nada bem.

Esse ‘código’ da Zara, acredito, que não seja exclusivamente do estabelecimento. A maioria age assim. Infelizmente, o racismo ainda existe e a pessoa negra é vista como alguém que vai roubar, ou fazer algo errado. Como se brancos não fizessem.

É preciso que também possamos responsabilizar estabelecimentos que não combatem o racismo em seus ambientes corporativos.

Muitas pessoas ainda usam o discurso de que “tudo hoje em dia é mimimi”. Mas costumo dizer que só é ‘mimi’ quando não é na pele da pessoa que passou por determinado assunto. Não é mimimi, é racismo.

Como disse a delegada Ana Paula Barroso, vítima de racismo. “Como diz a música, ‘paz sem voz não é paz é medo’. E esse medo vivenciei quando precisei me expor para fugir da impunidade, o que desgasta a minha saúde mental, mas vou resistir”.

Resistiremos.

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Quem são as mulheres denunciadas pelo crime de aborto em AL

Reportagem: Géssika Costa/Olhos Jornalismo

Em maio de 2020, a menstruação demorou a chegar. Com a espera, veio a suspeita da gravidez. Duas semanas com o ciclo menstrual atrasado, Carla Souza*, 29,  comprou dois testes rápidos e fez um exame de sangue. Não deu outra: confirmado.  Estar grávida nunca fez parte dos planos dela, uma mulher negra,  natural de Arapiraca, Agreste de Alagoas, que trabalha como caixa de um supermercado e mora com a avó e um tio. O desejo de interromper a gestação colocou em risco a sua liberdade, já que  a legislação brasileira classifica esse direito previsto em mais de 70 países pelo mundo como crime. 

De acordo com dados da Polícia Civil de Alagoas (PC-AL), obtidos via Lei de Acesso à Informação pela reportagem do Olhos Jornalismo, mulheres negras, com média de idade de 30 anos e moradoras de cidades do interior, como Carla Souza, são as que tiveram seus nomes arrolados a inquéritos policiais pelo crime de aborto, no período dos anos de 2011 a julho de 2021. Ao menos 18, com idades de 15 a 51 anos, dos municípios de Penedo, São José da Tapera, Porto Calvo, Delmiro Gouveia, Junqueiro, União dos Palmares, Palmeira dos Índios, Viçosa, Pilar, Roteiro, Matriz do Camaragibe, Santana do Ipanema, São José da Tapera e Rio Largo e Maceió respondem ou responderam à investigação na polícia judiciária.

Os dados também revelam que sete homens, no mesmo período, foram alvo de investigação pelas seguintes qualificações: aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento, aborto provocado por terceiro — sem consentimento e aborto provocado por terceiro sem o consentimento, forma qualificada — lesão corporal grave.

No Brasil, o aborto é permitido apenas em três casos:  gravidez de risco à vida da gestante, gravidez resultante de violência sexual e anencefalia fetal, conforme o Supremo Tribunal Federal decidiu em 2012.

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O Código Penal brasileiro prevê quatro tipos de artigos e punições para quem pratica ou contribui para interrupção da gestação. O primeiro, o 124, prevê pena de um a três anos para quem “provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque”. Já no artigo 125: “provocar aborto, sem o consentimento da gestante tem pena de reclusão, de três a dez anos. Os artigos 126 127 fazem referência a “provocar o aborto sem consentimento da gestante e ao aumento de pena caso aconteça alguma lesão corporal grave ou morte”. No primeiro caso, a pena é de um a quatro anos e, no segundo, “as penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em consequência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte”.

Emanuelle Marques, advogada (Foto: Arquivo Pessoal)

A advogada e conselheira da Associação Nacional da Advocacia Criminal em Alagoas (Anacrim-AL), Emmanuele Marques, destaca que como a maioria dos crimes tipificados por aborto são classificados com poucos anos de prisão, as penas podem ser respondidas em liberdade. Caso a dosimetria ultrapasse os oito anos, esse tempo deve ser cumprido em regime fechado.

“Em relação a isso, condenado não reincidente — aquele que nunca cometeu o crime antes, cuja a pena for igual ou inferior a quatro anos de prisão, poderá sim, desde o início, cumprir a pena em regime aberto”, explica a advogada.

Para Marques, a discussão sobre a legalização do aborto no país não avança em virtude da legislação ainda ser cercada de valores religiosos e morais. “Deveria ser tratado como uma questão de saúde pública. Inclusive, ele é reconhecido hoje em países como Uruguai e Argentina. Infelizmente, a nossa legislação se encontra hoje envolta do conservadorismo e do machismo”, pondera.

O medo da prisão acompanha as mulheres 

Carla sabia que não se encaixava em nenhuma das possibilidades previstas na legislação para abortar legalmente, mesmo assim decidiu não prosseguir com a gestação — conseguiu por meio de indicações de amigas comprar no mercado ilegal o misoprostol, medicamento conhecido como Cytotec.

[Nota da Redação: a compra de medicamentos sem procedência representa uma ameaça à saúde. As organizações internacionais Women Help Women e a Safe2choose enviam pílulas abortivas a diversos países do mundo onde o aborto ainda é proibido. Clique nos links a seguir e conheça o trabalho de cada uma dessas iniciativas -> Safe2Choose – WHW]

Consultada pela reportagem, a Rede de Ginecologistas e Obstetras Feministas explicou, com base no manual Abortamento seguro: Orientação técnica e de políticas para sistemas de saúde, da Organização Mundial de Saúde (OMS), que essa é uma das formas de interromper a gestação. Porém, o aborto realizado por pessoas não técnicas e em condições de higiene inadequadas pode colocar em risco à vida de mulheres e pessoas com útero.

Segundo a organização, existem os métodos farmacológicos e cirúrgicos, e a escolha do procedimento mais adequado depende do estágio da gravidez e de outros fatores de saúde. Os métodos farmacológicos utilizam uma combinação de dois medicamentos: a mifepristona e o misoprostol, ou apenas o misoprostol. Entre os métodos cirúrgicos, há a aspiração manual intrauterina a vácuo (AMIU). Existe também a dilatação e curetagem, um método obsoleto que, por ser menos seguro e consideravelmente mais dolorido para a mulher, a OMS recomenda substituir pela aspiração intrauterina.

Após ter em mãos o medicamento, a arapiraquense — com a ajuda do namorado e da avó — utilizou o remédio. Passou alguns dias sentindo dores, cólica intensa e sangramento vaginal. Apesar de todos os efeitos colaterais, um de seus principais medos era o de precisar de atendimento médico no hospital e, assim, ter o risco de ser investigada criminalmente.

Na verdade, fiquei com uma pressão psicológica muito grande. Não apenas no processo do aborto. Só me vinha à cabeça as pessoas me julgando e até mesmo o medo de ser presa. Foi horrível. É algo muito pesado, não deveria ser assim. Eu não queria seguir com aquilo. Não deveria ter discussão alguma sobre o que eu quero no meu corpo e na minha vida

Julyane Souza**, 25, é mulher branca, maceioense, com formação em nível superior e suporte financeiro da família , mas também passou por uma situação parecida no final do ano passado. Mesmo sem apoio de seus parentes, conseguiu interromper a gestação numa clínica na cidade de São Paulo. 

Embora proibido, alguns estabelecimentos de saúde funcionam de maneira legal para outros tipos de consultas e internamentos em vários estados do Brasil, fazendo o procedimento de aspiração intrauterina na clandestinidade. O local geralmente tem toda estrutura, é bem equipado e possui uma equipe hospitalar preparada, mas, claro, não é acessível para mulheres pobres. Só com o procedimento médico, Souza gastou R$ 6 mil, pagos em dinheiro vivo, em um envelope discreto para não deixar rastros.

“O lugar é todo organizado, tranquilo e muito profissional. Saí de lá, segundo meu namorado, em cinco minutos. Esse foi o tempo necessário para a aspiração. Não que eu não queira ter filho, eu não queria ter este. Sei que nesse sentido sou privilegiada, milhares de mulheres não têm e não tiveram essa chance”, relata.

Veja aqui o depoimento completo de Julyane Souza

Recortes por território e raça

A reflexão de Julyane tem fundamento. Ela não está no perfil das mulheres que são criminalizadas por praticar aborto no Estado. Em Alagoas, 85% dos inquéritos policiais foram registrados no interior do Estado. Em âmbito nacional, a agenda de direitos reprodutivos vem sofrendo sucessivos ataques — principalmente de grupos conservadores e religiosos, o que pode ser agravado ainda mais em regiões precárias e com menos acesso à educação, lembra Gyovanna Nonato, pesquisadora do Instituto Brasileiro de Ciências criminais (IBCCRIM) e integrante da Rede Nacional de Feministas Antiproibicionistas.

A pesquisadora expõe que são inúmeros os fatores que interferem no direito da mulher que está precisando do atendimento médico após um aborto clandestino. São nesses lugares, muitas vezes, em que elas são denunciadas. 

Giovanna Nonato, da Renfa (Foto: Arquivo Pessoal)

“Quem convive no meio é ciente que existem estratégias que os profissionais de saúde utilizam para dificultar a realização do aborto, segurando a gestação até chegar em um momento que o procedimento não é mais viável para a gestante. É imprescindível considerar o micropoder existente dos profissionais de saúde como um espaço muito autônomo, pois ainda que haja uma lei, muitos irão decidir com base na sua moralidade e questões religiosas”, argumenta.

Esse ciclo — que atinge mulheres já vulnerabilizadas — chega com muito mais frequência às gestantes negras. Mais de 66% das investigadas pelo crime no estado têm esse perfil. Isso é reflexo, segundo Nonato, da seletividade e racismo estrutural existentes no Brasil. Segundo ela, diversos estudos demonstram que mulheres negras são as mais criminalizadas pelos profissionais de saúde, as mais denunciadas e acusadas de realizar aborto provocado, mesmo quando afirmam que o aborto foi espontâneo, o que contribui para o aumento de denúncias e consequente investigação contra esse grupo.

A pesquisadora também explica que pode haver uma correlação da falta de acesso à informação, ou seja, exclusão social, e criminalização da mulher negra. 

Leia mais -> A via crúcis para conseguir pílula do dia seguinte em Maceió

“O nível de informação sobre educação sexual é extremamente deficiente nas áreas de periferização, onde se encontra grande parte da população negra. É leviano a afirmação que ‘hoje em dia só engravida quem quer e não se cuida’, seguindo o pensamento de que métodos contraceptivos seriam de fácil acesso a todas. No que tange ao racismo institucional, é perceptível que as mulheres negras enfrentam uma dificuldade ainda maior no processo de busca por atendimento e menos acesso a opções de métodos contraceptivos”, ressalta.

Em um país marcado por profundos abismos sociais e econômicos, o sentimento que tudo poderia ter dado errado ainda persegue Carla, que espera que num futuro próximo outras brasileiras não precisem se submeter a métodos inseguros, em razão de uma legislação que coloca em risco a vida de mulheres que apenas gostariam de decidir o que é melhor para as suas vidas.

“Ninguém, absolutamente ninguém escolhe passar por isso. Tive apoio, mas isso não diminuiu a minha aflição, sabe? Antes, eu falava sobre o assunto, mas não entendia bem e não fazia questão de debater, hoje sinto que é uma prioridade discuti-lo ainda mais porque sei exatamente o que é ficar aflita por uma situação de risco com medo de morrer ou ser presa”, diz.

**Para preservar as personagens e protegê-las de uma possível criminalização, seus nomes foram mantidos sob pseudônimos.

***A imagem em destaque é da ilustradora Marta Pucci.

“Esta reportagem é uma produção do Programa Sala de Redação, realizado pela Énois – Laboratório de Jornalismo, do projeto Jornalismo & Território, com o apoio da Fundação Maria Cecília Souto VidigalPorticus e Open Society Foundation”.

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Comentário de ex-presidente da OAB gera desconforto entre advogadas: “Sexista e misógino”

Raíssa França e Clara Lis Cavalcante*

Um comentário feito pelo ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil seccional de Alagoas, Omar Coelho, em um grupo do WhatsApp gerou desconforto entre as advogadas que consideraram a mensagem como ‘sexista e misógina’. Em sua defesa, Omar disse que fez uma brincadeira e que estava “entre amigos”.

A situação aconteceu quando Omar fez um print de um gesto aleatório de um pré-candidato à presidência da OAB, durante um encontro com advogadas alagoanas. Logo após, ele publicou no grupo e fez um comentário: “Maiorano usando a linguagem das libras para dizer que a reunião era com as mulheres”.

O comentário do ex-presidente não foi bem aceito pela advocacia feminina. O que chamou atenção das advogadas, não foi apenas o comentário do advogado, mas também o silêncio da mídia e de algumas mulheres.

Advogadas falam sobre machismo

A advogada Renata Almeida disse ao Eufemea que quando viu o print e o comentário se sentiu desrespeitada e ‘enojada’ como a mulher é reduzida apenas a um órgão sexual.

“A história mostra que nós, mulheres, sempre tivemos que lutar contra a misoginia e, todas as conquistas obtidas foram através de árduas batalhas diárias, construídas degrau por degrau”, enfatiza.

Renata Almeida. Foto: Cortesia

Renata também disse que o que mais lhe chamou atenção foi o silêncio de muitas mulheres acerca do assunto. “Mulheres que afirmam em suas falas que lutam pelos direitos e espaços femininos”.

Ela também comentou que muitas vezes, o comportamento machista e sexista parece ser normalizado. “A cultura do machismo é tão complexa e enraizada, que exige muito tempo de desconstrução de padrões rígidos para formar uma sociedade justa e igual para homens e mulheres”.

Gabriela Lamenha, advogada, está presente na foto que circulou em grupos do whatsapp. Segundo ela, o fato a causou repulsa, indignação e, particularmente nela, exposição e constrangimento, já que ela estava na foto.

Gabriela Lamenha. Foto: Cortesia

Ainda conforme Gabriela, conforme o print começou a ser divulgado, muitas mulheres defenderam Omar. 

“E isso me trouxe a reflexão do quanto ainda temos que ampliar o debate para que tal medida seja nitidamente reconhecida por todos como um ato ofensivo e misógino”, afirma.

Ela pontuou que a advocacia é uma área muito corporativista e revestida de troca de favores e muitos tomam o posicionamento de “deixar para lá ou tirar por menos”, em virtude da posição ocupada por Omar.

A advogada reforça que as mulheres independente de lado político precisam se unir, ter coragem de ir à luta. 

Mulheres e mídia silenciaram

Anne Caroline, advogada, afirmou que se sentiu terrível, já que o que aconteceu “reduziu não só as mulheres presentes na foto”, mas todas as mulheres que participam da vida pública.

Anne Caroline. Foto: Cortesia

“Isso nunca foi e nunca será engraçado, pois nenhuma mulher se sente confortável sabendo que sua existência está sendo reduzida a seu órgão reprodutor, sobretudo em um contexto político”, afirma. 

Ela continua que, o que a preocupa tanto quanto o ato em si, é o silenciamento das pessoas que ocupam lugares importantes na advocacia e que teriam o dever de repudiar esse tipo de comportamento. Ela conta que acredita que a não propagação deste fato na mídia vem da própria naturalização do machismo. 

“É importante que  haja uma reflexão da sociedade como um todo de como a naturalização do machismo e quanto essa naturalização não só constrange, mas violenta as mulheres como um todo”, ressalta.

“Foi uma brincadeira”

Procurado pelo Eufemea, Omar Coelho afirmou que fez uma brincadeira e que estava em um ambiente reservado. “Imaginava que estava entre amigos”, disse.

De acordo com ele, em razão do processo eleitoral e da falta de caráter de alguns, fizeram um print, praticando um crime, segundo a orientação do STJ, para tentar desqualifica-lo porque ele apoia a chapa opositora.

“Hoje, sem dúvida, estamos vivendo um momento muito delicado, onde, usando de má-fé, se coloca maldade em tudo. A sociedade alagoana toda me conhece e sabe do meu proceder, principalmente, as mulheres que sempre as exortei para avançarem nesta luta constante contra o tratamento diferenciado”, explica.

O ex-presidente disse que é pai de cinco filhas, tem uma neta, três irmãs, mães e conviveu com quatro avós. 

“Nasci e me criei em um ambiente eminentemente feminino. Por onde passei, sempre fiz questão de prestigiar e ter mulheres ao meu lado, não imagino um mundo sem igualdade, mas não estamos livre de gente mau-caráter, que desconsideram tudo isso, somente por questões eleitoreiras”, comentou.

Ele disse que tem uma vida aberta e transparente, e que essas difamações não colam. 

“Não é a primeira vez que tentam me expor, me diminuir, mas minha imagem a sociedade alagoana conhece. É muito simples confirmar tudo isso, basta procurar saber de quem convive ou já conviveu comigo, para saber como trato as mulheres”, afirmou.

Por fim, o ex-presidente disse que ontem, “somente para conferir se a pessoa que agiu anteriormente tinha ou não caráter, porque poderia ter agido e se arrependido”, ele jogou uma ‘verde’ e comprovou “que é ausência de caráter mesmo, não apenas um equívoco cometido contra um homem de bem”.

*Estagiária sob a supervisão da Editoria

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Governo de AL anuncia distribuição de absorventes, lenços e sabonetes para alunas da rede estadual

Foto: Reprodução

O Governo de Alagoas vai distribuir, mensalmente, kits menstrual com absorventes, lenços higiênicos e sabonetes íntimos para as alunas da rede estadual em situação de vulnerabilidade social. O anúncio foi feito na noite desta segunda-feira (18).

Além de Alagoas, outros estados, além do Distrito Federal, pretendem adotar ou ou já sancionaram leis estaduais para distribuição gratuita de absorventes na rede de ensino, segundo a CNN.

Por meio da rede social, a deputada estadual Cibele Moura comemorou a decisão do Governo de Alagoas, visto que ela é autora da lei “Liberdade Para Menstruar”.

“A cobrança deu certo e o Governo pôs em prática a nossa lei”, disse a parlamentar.

Com a medida, segundo Cibele, mais de 20 mil estudantes alagoanas serão beneficiadas. 

“Feliz em ver que estamos combatendo a pobreza menstrual e dando mais dignidade e qualidade de vida às mulheres, além de garantir o acesso a uma educação e saúde de qualidade. Sigo na luta para que essa lei beneficie ainda mais nosso povo”, destacou a deputada.

Leia Mais: Parlamentares alagoanas autoras de projetos para distribuição absorvente criticam veto de Bolsonaro: “Um retrocesso”

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Dermatologista explica sobre alterações na pele da mama; vem entender cada uma delas

Oi Bonitas. Qual importância vocês dão à pele da mama? Sabiam que existem candidíase mamaria? Na coluna de hoje conversei com a dermatologista Renata Rebelo sobre esse assunto e sobre outras doenças que aparecem na pele da mama.

Vocês vão se surpreender com algumas doenças que podem aparece na pele da mama, então vem comigo aprender mais sobre alguns cuidados.

Todas sabemos que outubro é o mês de conscientização sobre o câncer de mama. É importante que a gente cuide do nosso corpo em todo momento, mas ter uma data específica para levantarmos essa bandeira é super importante, pois podemos explanar mais sobre esse tema.

Ninguém é imune de passar por isso e, quanto mais conhecimento sobre nosso corpo – e mais abertamente falamos sobre isso – maiores são as chances de cura. 

E quando falamos de outubro rosa, muitas pessoas acham que é assunto repetido e que todo mundo já sabe sobre câncer de mama, pois é aí que nos enganamos. Fiz uma pequena enquete pelo Instagram e questionei os seguintes temas: “regularidade de ida ao ginecologista” e “quem sabia fazer o auto-exame de mama”. As respostas me alarmaram, pois mais de 30% das mulheres responderam que NUNCA foram ao ginecologista e mais de 5% nem se lembram da data da última consulta.

Ainda sobre nossa pesquisa, mais de 46% das mulheres responderam que não sabem como fazer o autoexame em casa. Então SIM, É IMPORTANTE falarmos sobre isso, ainda que possa soar repetitivo.

Diante da complexidade do tema e da importância de se debater um assunto tão sério, procurei uma profissional da saúde, a Dra. Renata Rebelo, médica dermatologista, que me explicou muitas coisas não só sobre câncer de mama, mas de saúde mamária em geral.

“- Com o autoexame e a descoberta precoce do câncer de mama, as chances de cura são mais de 90%. Por isso, é sempre recomendado fazer o toque mensalmente.”.

Outro ponto importante que ela aponta em sua fala é que “Que nem toda lesão nos seios é câncer de mama. Por isso é importante esse cuidado precoce e, ao notar algo diferente na pele da mama ou nos seios, procure sempre um profissional para acompanhamento”.

A Dra Renata deixou, ainda, uma listinha sobre quatro alterações da pele da mama que devemos sempre ficar atentas, são elas:

Eczema: Os sintomas são coceiras intensas, surgimento de bolinha, vermelhidão e pele seca. Acontecem por vários motivos entre eles alergia a produtos químicos, perfumes, sabões e etc.

Candidíase: Os sintomas são mau cheiro, coceira e vermelhidão em baixo da mama. Ocorre quando as mamas são muito grandes e não sustentam o peso.

Paget: É uma forma rara de câncer de mama que apresenta alterações eczematosas da aréola, deixando-a vermelha, dolorida e escamosa.

Estrias: As estrias nos seios não são as mais comuns, no entanto, podem aparecer por vários motivos, desde puberdade, gravidez, implantes mamários, variações de peso e etc.

A Dra. Renata, ainda, faz um alerta sobre cuidados diários para prevenção do câncer de mama.

“- É muito importante para a saúde do nosso corpo manter uma dieta equilibrada, com atividades físicas e uma boa qualidade de sono. Além de comparecer ao especialistas e fazer o auto-exame”.

É, minhas Bonitas, quando falamos em mulher poderosa, autossuficiente, falamos de mulheres que se cuidam, conhecem seu corpo. Vamos procurar esse empoderamento de dentro, o autocuidado faz maravilhas em nossas vidas. Lembre-se sempre: você não está sozinha, procure se orientar e buscar ajuda. 

Um beijo da Bonita. E se toquem.

P.s. Agradeço especialmente à Dra. Renata por prontamente ter se colocado à disposição em contribuir com a nossa coluna. Para quem tiver interesse em mais dicas de saúde da pele, siga o perfil dela no Instagram @dra.renatarebelo

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Cinco mulheres que mudaram a educação no mundo

Foto: Fundação Dorina Nowill

Ao longo do tempo, muitas mulheres marcaram a história e revolucionaram diversas áreas. De acordo com o Censo Escolar 2018, realizado pelo Inep, Ministério da Educação (MEC), 80% dos 2,2 milhões de docentes da educação básica brasileira são do sexo feminino. E na educação superior, esse número também é alto, quase se igualando à quantidade de professores homens. Segundo o Censo da Educação Superior 2016, tanto na rede privada quanto na rede pública, entre os 379 mil docentes, as mulheres representam cerca de 45%.

E para celebrá-las, separamos 5 nomes de mulheres que ficaram marcadas no meio educacional com suas ideias e estudos.

Emília Ferreiro

Foto: Reprodução/Internet

A psicóloga e pedagoga argentina, radicada no México, analisou e desvendou os mecanismos pelos quais as crianças aprendem a ler e escrever. Isso revolucionou a maneira de se pensar a alfabetização e influenciou a educação brasileira a partir dos anos 90.

Emília fez doutorado na Universidade de Genebra e focou seus estudos em investigações sobre a escrita e no construtivismo. Em 1979, em parceria com a pedagoga espanhola Ana Teberosky,lançou o livro “Psicogênese da Língua Escrita”. Sua obra influenciou tanto os educadores brasileiros que até mesmo os Parâmetros Currículo Nacionais são inspirados em seus estudos.

Ela foi responsável por inverter a lógica tradicional de educadores que, até então, só se preocupavam com a aprendizagem quando o aluno parecia não aprender.

Maria Montessori

Foto: Reprodução/Internet

Maria foi a primeira mulher a se formar em Medicina na Itália, mas não pode seguir carreira porque não pode analisar homens. Assim, ela iniciou os estudos sobre o aprendizado de crianças. O seu método educacional, que leva o seu nome (Montessori), é aplicado até hoje em escolas públicas e privadas de todo o mundo.

Em 1907 ela criou a primeira “Casa dei Bambini”, onde aplicava a ideia de “educação para a vida” e a formação integral dos indivíduos.

A educadora acreditava que as crianças eram capazes de conduzir o seu próprio aprendizado. Assim, seu intelecto se manifestava automaticamente em seu próprio ritmo. Além disso, para ela, os professores eram apenas responsáveis por acompanhar esse processo.

Dorina Nowill

Foto: Reprodução/internet

Dorina Nowill perdeu a visão aos 17 anos, mas foi a primeira aluna cega a frequentar um curso regular na Escola Normal Caetano de Campos, no centro de São Paulo. Lá, inclusive, ela se formou como professora, tendo se especializado em educação de cegos na Universidade de Columbia, em Nova York.

Em 1946, Dorina criou a “Fundação para o Livro do Cego no Brasil” e, em 1948, fundou a primeira imprensa em braile, responsável por imprimir livros didáticos e outros documentos na linguagem.

Dorina também dirigiu a “Campanha Nacional de Educação de Cegos”, do MEC, que criou os primeiros serviços de educação de cegos no país. Ela também foi responsável por lutar pelas aberturas de vagas de trabalho para pessoas com deficiência visual.

Êda Luiz 

Foto: Reprodução/Internet

Êda Luiz, foi coordenadora pedagógica do Centro de Integração de Jovens e Adultos (Cieja) do Campo Limpo, na zona sul de São Paulo. Sob sua gestão, a instituição se tornou referência como escola aberta e acolhedora para quem foi excluído de alguma forma, desenvolvendo, assim, um modelo de escola democrática.

A iniciativa virou referência nacional com seu modelo de educação, sendo reconhecida como “Escola de Educação Transformadora para o Século XXI”, em 2017, pela UNESCO – uma das duas únicas escolas no Brasil a receber esse título.

Ela já foi também professora em escola rural e na antiga Fundação Estadual do Bem Estar do Menor (Febem). 

Marie Curie 
Foto: Reprodução/Internet

A cientista polonesa Marie Curie se formou em Matemática e Física, na Universidade de Sorbonne, na França. Junto a seu marido, Pierre Curie, ela foi responsável pela descoberta dos elementos químicos Polônio e Rádio. Foi então que se iniciaram as pesquisas sobre Radioatividade.

Em 1903 ela recebeu o Prêmio Nobel de Física e, 8 anos depois, o de Química. Além de ter sido a primeira mulher a ganhar o Nobel, foi a primeira pessoa a recebê-lo duas vezes.

Marie Curie também foi professora desde os 18 anos. Ela chegou a dar aula em uma instituição considerada ilegal por desafiar as políticas de repressão impostas pelo Império Russo, cujo maior público eram mulheres impedidas de estudar.